terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A vitória do Blu-Ray

Grandes duelos sempre apimentaram o mundo dos negócios. Pepsi e Coca-Cola, PC e Macintosh, Betamax e VHS, e mais recentemente HD-DVD e Bluray. Nesse último, Toshiba e Sony reuniram forças e entraram no campo de batalha para definir quem dominaria a nova geração de DVD playersde alta definição. Mas a guerra durou pouco. No último dia 19, a Toshiba anunciou o cancelamento da produção e comercialização de tocadores e gravadores de DVD com tecnologia HD-DVD, deixando o mercado livre e “azul” para a Sony. As duas japonesas protagonizaram uma disputa semelhante à que ocorreu há pouco mais de 20 anos, quando o destino da definição de imagem do videocassete foi traçado. O formato Betamax, da Sony, perdeu para o VHS, da JVC. Mas há quem diga que a vitória foi inútil. Enquanto os gigantes se batiam pela hegemonia, a internet, com sua agilidade, rapidez e praticidade, ganhava espaço, oferecendo downloads em alta qualidade. Será que desta vez os bytes vencerão?
A Sony parece ter aprendido a lição. Sua tecnologia Betamax oferecia melhor qualidade de imagem, mas capacidade de gravação menor nas fitas. Hoje, a história se inverteu. Os discos blu-ray armazenam mais dados (50 gigabytes), mas a qualidade HD-DVD da Toshiba é considerada superior. O melhor, porém, nem sempre é o mais conveniente. “Um formato não se impõe apenas por sua qualidade, e sim pela penetração de mercado”, afirma Caio César Oliveira, professor de tecnologia e comunicação da PUC de Minas Gerais. Por isso, foi fundamental o anúncio de que os estúdios Sony Pictures adotariam o formato blu-ray em seus DVDs, puxando uma série de novas adesões. “O lobby da Sony é muito forte”, afirma Oliveira. A Best Buy, uma das maiores redes varejistas dos EUA, engrossou o coro dizendo que não iria comercializar discos de HD-DVD. O Wal-Mart não demorou a fazer o mesmo. Já a Netflix, locadora de vídeos online, divulgou que não trabalharia mais com o formato, e passou a recomendar o blu-ray. Mas a gota d’água para a Toshiba foi a decisão da Warner, no início de janeiro, de adotar exclusivamente o “azul” em seus discos. E, depois de mais de um mês de especulação, a empresa japonesa jogou a toalha. “Concluímos que essa decisão ajudará o mercado a se desenvolver melhor”, afirmou o CEO da Toshiba, Atsutoshi Nishida.
Como no mundo dos negócios não há inimigos que não possam se aliar, no dia seguinte a Toshiba anunciou uma parceria com a Sony para desenvolver uma nova tecnologia de semicondutores de alta performance, que servirão para melhorar o desempenho de games, como PlayStation 3. A Toshiba deterá 60% do negócio, e a Sony, fabricante do PlayStation, 40%. Há quem diga que a decisão de deixar os DVDs para a concorrente já havia sido pensada há algum tempo, mas, pelo menos no Brasil, a notícia foi novidade para a Sony. “Não tínhamos como prever. Sabíamos apenas que as vendas do blu-ray eram bem superiores às do HD-DVD, em uma proporção de quatro para um”, afirma Marcus Trugilho, porta-voz da Sony Brasil. Vencida a batalha, o executivo não acredita que o download de filmes na internet seja uma ameaça ao blu-ray. “São mídias complementares. É necessária uma banda de transferência muito alta para baixar filmes em alta definição”, diz. Mas com os players blu-ray atuais custando em torno de R$ 3 mil, talvez as chances da internet não sejam tão pequenas assim.
Da istoedinheiro.com.br

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