terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A química da petroquímica

O desempenho financeiro em 2007 da Petroquímica União, a central de matérias-primas do pólo de Mauá (SP), deixaria satisfeito o mais exigente dos acionistas. O lucro líquido cresceu 16,4% - descontado um crédito tributário extraordinário do ano anterior, o aumento bateu em 68%. A geração de caixa também subiu 14,3%. O faturamento somou R$ 4,5 bilhões, 9% acima de 2006. Mas, apesar do bom momento vivido pela companhia, o presidente Rubens Approbato Machado Júnior dedica boa parte da agenda para cuidar da motivação de seus 650 comandados. É que a Petroquímica União vive uma fase de profunda transição, talvez a mais importante em seus 42 anos de história. Nos próximos meses, será criada a Companhia Petroquímica do Sudeste, a CPS, junção de uma série de empresas do setor químico, localizadas no pólo de Mauá. A PQU é a maior delas. O controle da nova organização será repartido entre o Grupo Unipar e a Petrobras. Ou seja, dentro de alguns meses, a PQU será uma das unidades de um grupo maior. Mais: em processos de fusão, em geral, há duplicidade de funções e, por tabela, sobra gente. "Esses momentos geram insegurança e desconforto e as emoções fiquem aguçadas", afirma Machado. "Nessa hora, é preciso mostrar as perspectivas de crescimento abertas por essa mudança."
Para completar o quadro, a PQU está mergulhada em um arrojado plano de investimento que elevará sua capacidade de produção em 40% e consumirá R$ 1,2 bilhão. Expansões são sempre bem-vindas, mas, nesse caso, há um fator de pressão. O programa original previa um desembolso de R$ 840 milhões. Estouro nos custos e dificuldades na gestão do projeto acarretaram o aumento do investimento. Machado foi contratado no final de 2006, justamente no momento em que os acionistas bateram o martelo em relação à revisão do valor. Não há espaço, enfim, para novos tropeços. Por isso, Machado tem consumido boa parte de seu expediente para falar sobre o assunto. De tempos em tempos, reúne 100% dos funcionários de todos os níveis hierárquicos para esclarecer as dúvidas, em encontros batizados de Conexão PQU. Perguntas sobre a fusão são inevitáveis. Nessas reuniões, o exemplo da Braskem, que passou por processo semelhante, é lembrado. Poucos anos depois de criada, ela ganhou espaço entre as dez maiores do mundo no setor. Machado também distribuiu o livro A Saga do Petróleo Brasileiro, escrito por Carlos Eduardo Paes Barreto, o primeiro presidente da PQU. O texto resgata a história da empresa e mostra que, ao longo dessa trajetória, outras mudanças de rumo ocorrerão. "E a empresa sempre se tornou mais forte", diz Machado. Uma campanha interna também entrou no ar. Seu título: Olho na Bola. O objetivo é reforçar os cuidados com a operação. "Em momentos como esses, os trabalhadores podem ficar dispersivos. Eles trabalham numa atividade delicada, em que a segurança é fundamental", diz Machado. As ações surtiram efeito: a PQU está há 283 dias sem registro de acidentes, um recorde histórico. Os bons resultados colhidos em 2007 são outro fator de estímulo. Mais: o cronograma do projeto de expansão está rigorosamente em dia. "A empresa sairá fortalecida desse processo", diz Machado.
Da istoedinheiro.com.br

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