A expectativa dos investidores brasileiros em torno da estréia histórica da Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo (BMF) no mercado de ações, nesta sexta-feira (30/11), transformou-se em valorização dos papéis da instituição, no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A demanda pelos papéis foi tão grande, por volta das 11h, que congestionou o sistema de negociações eletrônicas da Bovespa, o Mega Bolsa, e adiou em uma hora e quinze minutos o início da sessão. Ainda assim, a valorização do papéis da BMF não chegou sequer à metade da registrada no primeiro dia de pregão dos papéis da Bovespa, há cerca de um mês.
Negociadas sob o código BMEF3, as ações da BMF fecharam o dia com valorização de 22%, ao preço de 24,40 reais por papel - o preço inicial definido era de 20 reais. Logo na primeira meia hora de pregão, as ações subiram 25% e, ao longo do dia, a oscilação alcançou 30%.
O volume de negócios relacionados aos papéis da estreante foi de 58313, cerca de 18% do total do dia, e empurrou a Bovespa para o índice recorde de 313681 negócios. Já o giro de capitais ligado à BMF chegou a 2,61 bilhões de reais, mais de um quarto do total de 10,53 bilhões contabilizados ao fim do pregão.
O Ibovespa, por sua vez, fechou em alta de 1,63%, aos 63.006 mil pontos, após alcançar uma máxima de 63.701 pontos, no começo da tarde.
Corrida pelos papéis
A trajetória da curva de valorização reflete a ansiedade dos acionistas pela possibilidade de ganhos semelhantes aos obtidos com as ações da instituição "irmã" da BMF, a Bovespa Holding, que em seu primeiro dia de negociação, em 26 de outubro desse ano, subiram 52% - dos 23 reais fixados inicialmente chegaram a 35,20 reais por unidade. O giro de capital, naquela data, foi de 5 bilhões de reais, o equivalente a 76% do volume registrado na oferta pública de ações para o processo de abertura de capital, contra uma média de 30% alcançada pelas novatas, em sua estréia.
Na esteira do interesse pela Bovespa, as ações da BMF provocaram uma corrida às corretoras, nas últimas semanas. Além das quase 300 mil pessoas que já tinham contas cadastradas para comprar e vender ações, os bancos receberam nas últimas semanas vários pedidos de interessados em começar a operar na Bolsa de Valores. As estimativas extra-oficiais, por sua vez, apostam que o número de cadastrados para levar ações da BMF chega a 280 mil, quatro vezes mais do que os registrados na oferta da Bovespa.
Na oferta pública inicial (IPO, em inglês), já ficou refletida a forte procura, uma vez que a demanda chegou a 50 bilhões de reais, quase dez vezes mais do que a oferta. Isso empurrou o valor definido por papel, correspondente ao teto do intervalo de preços definido (entre 18 e 20 reais). Essa faixa já havia sido ampliada, em relação à projeção inicial de piso a 14,50 reais e teto a 16,50 reais.
Montante baixo para o pequeno investidor
A demanda dos investidores seguiu elevada mesmo após a determinação da BMF de que cada pessoa física que reservou ações no IPO terá direito a apenas 91 papéis da empresa, correspondentes a um valor total de 1.820 reais. O montante pode ser considerado muito baixo por dois motivos: o valor mínimo de reserva de ações havia sido fixado em 5 mil reais (ou seja, mais de 150% maior que o que realmente será comprado) e o volume total da oferta alcançou quase 6 bilhões de reais.
No IPO, a Bolsa de Mercadorias & Futuros havia informado que destinaria entre 10% e 20% de suas ações para os investidores não-institucionais. O percentual definido ainda não foi divulgado, mas é provável que o volume de ações reservado às pessoas físicas tenha ficado mais próximo do piso de 10%. Isso aconteceu no IPO da Bovespa, que teve mais de 60 mil investidores pessoas físicas. No entanto, na Bovespa cada um conseguiu até R$ 12.098.
Além das pessoas físicas, a BMF também havia se comprometido a destinar até 1% das ações a funcionários de corretoras. Cada empregado teve seu pedido integralmente atendido em até 5 mil reais ou 250 ações. Acima desse valor os pedidos foram atendidos em 40,347% do valor reservado. Assim como para as demais pessoas físicas, apenas os investidores considerados prioritários puderam reservas os papéis.
A BMF utilizou, ainda, o filtro para a exclusão de investidores considerados "especuladores". Quem participou dos IPOs da Bovespa, Helbor, Amil e Laep e vendeu mais de 80% das ações no primeiro dia de negócios em duas ou mais dessas operações não ficou nenhum papel no rateio.
Fusão com a Bovespa?
Alvo da atenção de todo o mercado, o IPO desta sexta-feira já deu origem a especulações sobre a possibilidade de uma fusão entre a BMF e a Bovespa. Uma das mais respeitadas publicações de economia do mundo, o nova-iorquino Wall Street Journal aponta, em reportagem publicada nesta quinta-feira, para o fato de boa parte dos interessados nas ações da Bolsa de Mercadorias & Futuros estarem ligados às mesmas corretoras que já controlam a Bolsa de Valores de São Paulo, o que aumentaria as chances de unificar as duas casas. O processo seria interessante, segundo analistas ouvidos pelo jornal, porque permitiria reduzir os custos das operações e atrair parceiros estrangeiros, num período em que bolsas do mundo todo buscam se internacionalizar.
Indagado por jornalistas, nesta quinta-feira, sobre o interesse em fusão com a BMF, o diretor-geral e de Relações com Investidores da Bovespa Holding, Gilberto Mifano, não negou a possibilidade, mas afastou novidades no curto prazo. "Temos, sim, dinheiro para futuras aquisições, mas, por enquanto, o momento é de cautela", ele afirmou.
Na manhã da sexta-feira, o presidente da Bolsa de valores de São Paulo, Raimundo Magliano, reforçou a posição, ao afirmar que não há nenhuma fusão sendo negociada. No fim da tarde desta sexta-feira, foi a vez de a BMF divulgar uma nota negando qualquer negociação.
sábado, 1 de dezembro de 2007
Ações da BM&F fecham dia de estréia com valorização de 22%
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário