sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Redução de preços com adoção de 3G vai popularizar ainda mais o celular

Para a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) a redução nos preços cobrados pelos serviços de voz e de banda larga, com a adoção da tecnologia 3G, irá contribuir para que todos os brasileiros tenham um celular.O presidente da Agência, Ronaldo Sardenberg, acredita que, até 2014, o celular deve chegar a todos os brasileiros. A estimativa é que o Brasil tenha 200 milhões de celulares em serviço até 2014. O número representa uma teledensidade (número de aparelhos em cada 100 habitantes) de 100%.Atualmente, há no país cerca de 116,3 de celulares, o que significa uma densidade de 61,2 aparelhos para cada 100 habitantes.Queda de preço é só em aparelhos 3GA chegada da tecnologia 3G poderá deixar os aparelhos mais baratos, porém, os celulares não terão um preço muito menor que os vendidos atualmente.De acordo com Eduardo Tude, presidente da Teleco, os celulares habilitados para a tecnologia são mais caros por que tem demanda menor, mas com a maior adoção, preços devem ficar próximos aos aparelhos que utilizam tecnologia GSM.Aumento de promoçõesConsiderando os preços das ligações, Tude também não acredita que ficarão mais baratas, porém o número de promoções, como minutos a um centavo, e ligações grátis no fim de semana, poderá ser maior."A rede 3G tem mais capacidade que a GSM, o que possibilita maior número de promoções", afirmou.Troca de aparelhoDe acordo com Eduardo Tude, os brasileiros trocam seus celulares a cada dois anos, em média. A compra de um novo aparelho é quase sempre motivada por novas funcionalidades no celular e preços convidativos, porém, o real motivo varia de pessoa para pessoa."Celular é objeto pessoal, o uso é diferente e a troca depende da pessoa", afirmou Tude.Dois aparelhosSegundo um levantamento realizado pela Teleco, 44,9% dos 996 consumidores entrevistados disseram que possuem mais de um celular para uso pessoal.Para Tude, dentre os motivos apontados para a posse de mais de um aparelho, está o uso do celular corporativo e o fato de os consumidores quererem aproveitar os serviços mais baratos.
Do uol.com.br

Empresa de Carlos Slim iniciará obras no Canal do Panamá

A empresa CILSA-Minera María, da qual o magnata mexicano Carlos Slim é sócio, recebeu a ordem para iniciar os trabalhos do segundo contrato de escavação seca para a ampliação do Canal do Panamá, informou hoje a administração do canal.A empreiteira terá 670 dias para entregar o projeto terminado. A previsão é concluir as obras em outubro de 2009, segundo um comunicado da Autoridade do Canal do Panamá.A CILSA-Minera María apresentou o preço mais baixo durante uma licitação, em 14 de novembro. A oferta foi de US$ 25,4 milhões.A contratação foi oficializada no dia 27 de novembro, quando a ACP confirmou que a empresa cumpria os requisitos de qualificação.Os trabalhos deste segundo projeto de escavação seca incluem a remoção de aproximadamente 7,5 milhões de metros cúbicos de terra em um trecho de 2,4 quilômetros.A ampliação do Canal, que deve terminar em 2014, tem um custo de US$ 5,25 bilhões. A obra duplicará, de 300 para 600 milhões de toneladas anuais, a capacidade de transporte de carga pela via interoceânica.
Do uol.com.br

Bill Gates compra participação na mexicana Femsa

O bilionário norte-americano Bill Gates comprou uma participação avaliada em 392 milhões de dólares da empresa mexicana de bebibas Femsa, de acordo com um documento da comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês).
O fundo de investimentos de Gates Cascade Investment possui 10,81 milhões de ADS da Femsa na bolsa de Nova York, um investimento minoritário na empresa.
Gates, que é presidente da Microsoft, informou a participação em um documento à SEC. As ações da Femsa subiram 7,5 por cento em Wall Street na quinta-feira.
Do uol.com.br

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Volume de IPOs no mundo soma US$ 255 bilhões e bate recorde; Brasil é terceiro país mais ativo

O volume total de recursos levantados em ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) bateu recorde histórico em 2007. Nos primeiros 11 meses deste ano, essas operações somaram US$ 255 bilhões, em um total de 1.739 transações. No ano passado inteiro, antigo recorde, o volume havia sido de US$ 246 bilhões, em 1.729 ofertas.Os dados fazem parte de um estudo divulgado hoje pela Ernst & Young. Segundo comunicado da empresa, a perspectiva é de que a marca deste ano seja ainda mais forte, já que nas duas primeiras semanas de dezembro foram fechados mais 91 IPOs, com volume total de US$ 18 bilhões.No ranking dos países com maior atividade neste tipo de operação, o Brasil aparece na terceira posição em termos de volume, com US$ 29 bilhões. Com operações no valor de US$ 52,6 bilhões, a China lidera a lista, seguida pelos Estados Unidos, onde os IPOs movimentaram US$ 38,7 bilhões.De forma geral, o recorde foi puxado pelo desempenho nos mercados emergentes, que tiveram 14 das 20 maiores transações registradas no ano. Somente as empresas dos países do grupo chamado de BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) levantaram US$ 106,5 bilhões, em 382 ofertas finalizadas até novembro deste ano, ante os US$ 86 bilhões em 302 negócios de 2006.Em termos de números de operações, a China também lidera, com 209 ofertas. Austrália, com 189 IPOs, e EUA, com 178 transações, vêm em seguida."O aumento da atividade (de IPOs) nos mercados emergentes vêm do crescimento destas economias e do processo de globalização do mercado de capitais", diz Gil Forer, diretor global do segmento de IPO da Ernst & Young. Ele ressalta ainda que há uma tendência de as empresas listarem suas ações nas bolsas locais.

Volume de IPOs no mundo soma US$ 255 bilhões e bate recorde; Brasil é terceiro país mais ativo

O volume total de recursos levantados em ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) bateu recorde histórico em 2007. Nos primeiros 11 meses deste ano, essas operações somaram US$ 255 bilhões, em um total de 1.739 transações. No ano passado inteiro, antigo recorde, o volume havia sido de US$ 246 bilhões, em 1.729 ofertas.Os dados fazem parte de um estudo divulgado hoje pela Ernst & Young. Segundo comunicado da empresa, a perspectiva é de que a marca deste ano seja ainda mais forte, já que nas duas primeiras semanas de dezembro foram fechados mais 91 IPOs, com volume total de US$ 18 bilhões.No ranking dos países com maior atividade neste tipo de operação, o Brasil aparece na terceira posição em termos de volume, com US$ 29 bilhões. Com operações no valor de US$ 52,6 bilhões, a China lidera a lista, seguida pelos Estados Unidos, onde os IPOs movimentaram US$ 38,7 bilhões.De forma geral, o recorde foi puxado pelo desempenho nos mercados emergentes, que tiveram 14 das 20 maiores transações registradas no ano. Somente as empresas dos países do grupo chamado de BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) levantaram US$ 106,5 bilhões, em 382 ofertas finalizadas até novembro deste ano, ante os US$ 86 bilhões em 302 negócios de 2006.Em termos de números de operações, a China também lidera, com 209 ofertas. Austrália, com 189 IPOs, e EUA, com 178 transações, vêm em seguida."O aumento da atividade (de IPOs) nos mercados emergentes vêm do crescimento destas economias e do processo de globalização do mercado de capitais", diz Gil Forer, diretor global do segmento de IPO da Ernst & Young. Ele ressalta ainda que há uma tendência de as empresas listarem suas ações nas bolsas locais.

Do uol.com.br

domingo, 16 de dezembro de 2007

Foto da semana: "Feirão de usados"


É só chegar ao Bush com alguns trocados e levar....

Um dia na vida de um global trader

Por Giuliana Napolitano da EXAME
Às 3 horas da manhã, só se ouve um distante barulho de mar na avenida Rui Barbosa, um dos endereços mais tradicionais do Rio de Janeiro. À noite reina a tranqüilidade naquela faixa da orla, onde não há bares nem restaurantes. Só os poucos carros que passam por ali quebram o silêncio tão apreciado pelos moradores durante o sono da madrugada. André Jakurski, fundador da gestora de recursos JGP e uma das lendas vivas do mercado financeiro brasileiro, é uma exceção na vizinhança. Para ele, tanta paz não faz muita diferença. Quase toda noite ele acorda invariavelmente por volta das 3 da manhã. No escritório que fica colado a seu quarto, no 17o andar de um prédio que tem uma vista de cartão-postal do Pão de Açúcar, Jakurski confere o que mostram os terminais da Bloomberg e da Reuters e negocia no mercado japonês ou revisa ordens de compra e venda com corretores na Ásia.
A maratona diária de um operador global
Num dia típico, André Jakurski, sócio da gestora de recursos carioca JGP, dorme pouco para ficar de olho nos mercados de ações, commodities, moedas e juros
6h30 Acorda, checa o desempenho dos mercados asiáticos e europeus e lê jornais. Faz operações de compra e venda
8 h Chega à JGP e se reúne com gestores e economistas para avaliar dados econômicos e discutir as perspectivas do dia
10 h Começa a ler relatórios de empresas e análises econômicas enviados por bancos e corretoras
10h30 Checa as posições de seus fundos e, se necessário, realiza operações nos mercados futuros, de moedas e ações
12h30(1) Acompanha a abertura da bolsa de Nova York, mercado de referência em todo o mundo, e continua a operar
13 h Almoça — geralmente em menos de 1 hora e na própria mesa de operações
14 h Passa a tarde acompanhando dados e realizando operações nas bolsas e nos mercados futuros
19 h Cuida de assuntos da JGP — recebe clientes ou faz reuniões com outros sócios
20 h Vai para casa, liga os computadores e passa mais alguns minutos acompanhando os mercados
21 h Janta com amigos ou com membros de sua família
22 h Volta a acompanhar o desempenho dos mercados e, se necessário, a operar
3 h (2)Checa o andamento dos mercados por cerca de 10 minutos e envia ordens de compra e
venda
As atividades noturnas do dono da JGP não são fruto de uma obsessão pessoal pelo trabalho, mas um dado corriqueiro para o grupo do mercado financeiro do qual ele faz parte. Jakurski compõe uma casta conhecida como operadores globais -- profissionais que negociam ações, commodities, moedas e papéis de renda fixa em várias partes do mundo e, por isso, ajustam seus horários a diferentes fusos.
Separados, os operadores globais parecem membros de uma tribo insone. Juntos, são os pontas-de-lança de um mercado financeiro cada dia mais importante na intrincada engrenagem do capitalismo sem fronteiras. São esses analistas, gestores e operadores que ditam os humores da economia em várias partes do mundo, decidindo para onde devem fluir os bilhões de dólares que transitam diariamente pelas bolsas, pelos fundos e pelas instituições financeiras. Há, claro, nações como Paraguai, Suriname e Laos fora do radar desses operadores, mas o número de países participantes do novo capitalismo financeiro é ascendente. Presidentes de países e executivos de empresas que subestimam o poder do apoio da turma de Jakurski -- por falta de transparência ou por maus resultados -- costumam pagar bem caro pelo erro. Em 2002, o Brasil sofreu isso na carne quando as pesquisas eleitorais passaram a indicar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência. Confusos com o discurso histórico do PT, com forte viés anticapitalista, bancos e fundos estrangeiros cortaram o fluxo de recursos para o Brasil e a economia ajoelhou. Segundo a análise feita à época por um dos expoentes do mercado financeiro, o investidor George Soros, o país pôde então compreender que, se o cidadão comum vota apenas uma vez a cada quatro anos, os operadores globais votam todos os dias. Não por coincidência, o governo Lula rapidamente abandonou a retórica esquerdista, escolheu Henrique Meirelles para presidir o Banco Central e vem perseguindo políticas econômicas responsáveis.
Desde então, o poder do mundo financeiro só fez aumentar. O total de ativos -- ações, papéis de dívida de empresas e países e depósitos bancários -- cresce numa velocidade muito acima da do produto interno bruto (PIB) global. Em 1980, esses ativos financeiros equivaliam ao PIB mundial. No ano passado, com um total de 167 trilhões de dólares, já era três vezes maior. Em todo o mundo, a cadeia financeira emprega 20 milhões de pessoas. Mais do que uma lista de cifras grandiosas, o que esses números revelam é que está em curso uma transformação nos mecanismos de financiamento da atividade produtiva. Os recursos captados pelos fundos de hedge e de private equity, pelas ações e pelos títulos de dívida são emprestados a empresas de várias partes do mundo, que nunca tiveram acesso a tanto dinheiro para financiar suas atividades. Trata-se de uma mudança tão profunda que estudiosos classificam o período atual como uma nova fase da economia mundial, a do capitalismo financeiro. Nas palavras do economista Martin Wolf, colunista do jornal britânico Financial Times, trata-se do "triunfo do mundial sobre o nacional, do especulador sobre o administrador e do financista sobre o produtor". Na esteira desse movimento, o mundo assiste a uma das fases mais duradouras de crescimento da economia real.
No Brasil, Jakurski é o exemplo mais bem-acabado desse novo financista global. No escritório de sua casa ou no trabalho, a televisão, quando ligada, está sempre sintonizada na CNBC, rede americana especializada em finanças. Ele precisou instalar antenas especiais para captar o canal, já que não é transmitido no Brasil por nenhuma operadora de TV a cabo. Em seu radar estão todas as notícias que podem afetar os países nos quais investe: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá. Num mundo tão intensamente conectado, onde o que ocorre num país tem reflexo imediato sobre outros mercados e economias, ficar muito tempo longe dos acontecimentos pode custar caro. "Hoje, ser um operador global é um estilo de vida, não dá para desligar nunca", diz Maria José, uma das pessoas que acompanham essa tendência mais de perto por ser a esposa de Jakurski. "O mercado não é um fliperama", diz ele. "Posso ficar 24 horas sem fazer uma operação sequer, mas preciso sempre saber o que está acontecendo para tomar decisões."
EXAME acompanhou um dia de trabalho no escritório da gestora JGP, que fica no centro do Rio -- 31 de outubro, uma quarta-feira, data da última reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. O evento pautou a tarde de toda a equipe de gestores e economistas da JGP. O anúncio de que o Fed reduziria a taxa de juro dos Estados Unidos, às 16h15, foi a centelha que provocou um movimento frenético -- não de compra e venda de ações e contratos futuros, como se poderia supor, mas de análise. Os economistas trataram de dissecar o comunicado de poucos parágrafos divulgado pelo Fed para explicar por que a instituição manteve os juros. Imediatamente após a nota, os gestores também se debruçaram sobre os efeitos da decisão nos mercados mundiais e no brasileiro. Passaram pelo radar de Jakurski e equipe os preços de commodities como ouro e prata, a cotação de moedas latino-americanas e os contratos futuros de juros na Europa.
NADA DISSO OCORRIA NO PASSADO. Há 40 anos, financistas eram vistos como velhos senhores sisudos, de terno escuro, atrás da escrivaninha de bancos regionais, em sua maioria. Um exemplo simbólico de como os mercados funcionavam de forma diferente -- e isolada -- ocorreu durante o crash de 1987 na bolsa de Nova York. No dia 19 de outubro daquele ano, o Índice Dow Jones fechou em baixa de 23%, a maior queda em décadas. "Apesar disso, a maioria dos analistas operou todo o dia sem saber que havia uma crise nos Estados Unidos. Só descobriu os problemas assistindo ao jornal da noite", lembra Jakurski, que, na época, era sócio do banco Pactual e aproveitou a distração dos colegas para vender ações de empresas brasileiras quando os preços ainda estavam elevados. "Essa demora era normal naquele tempo, em que o local importava mais que o global." Hoje, mesmo que quisesse ficar alheio a algum acontecimento externo, Jakurski não conseguiria. Em outubro de 2007, menos de 1 hora depois do anúncio da decisão do Fed, bancos e corretoras de diferentes países enviaram a ele e sua equipe dezenas de relatórios de análises e comentários por e-mail e por mensagens instantâneas -- novidade que acabou de vez com a imagem de operadores que passavam o dia pendurados em dois ou três telefones ao mesmo tempo.
Tecnicamente, os operadores globais não são um fenômeno recente. "Eles existem há séculos, porque a globalização é algo antigo. É possível constatar a presença de investidores internacionais em algumas das principais bolhas especulativas da história, como a da South Sea Company, em 1720", diz Pankaj Ghemawat, um dos maiores especialistas em globalização, professor da Harvard Business School, nos Estados Unidos, e da Universidade de Navarra, da Espanha. (Ghemawat refere-se ao esquema fraudulento de lançamento de ações montado pela companhia britânica.) O que torna o momento atual sem precedentes é o fato de a integração nunca ter sido tão profunda. Investidores europeus aplicavam em ações de empresas da América Latina no século 18, é certo, mas eles levavam dias para concluir uma única compra. Hoje, isso toma segundos. Informações sobre o desempenho dos mercados estrangeiros, algo escasso no passado, chegam em tempo real às telas de qualquer operador. "Essa mudança se deve à tecnologia", diz Luiz Ribeiro, gestor de fundos offshore para a América Latina do HSBC. "A internet e os avanços da telefonia revolucionaram as finanças e criaram uma rotina de trabalho para todos que estão nesse setor."
Na briga pelo posto de maior centro financeiro mundial estão Wall Street, em Nova York, e a City, em Londres. Cerca de 20% de toda a renda de Nova York vem do setor financeiro, apesar de essa indústria ser responsável por apenas 5% dos empregos da cidade. Em 2006, os bônus pagos em Wall Street somaram 24 bilhões de dólares, volume recorde, o que corresponde a uma média anual de 138 000 dólares para cada profissional. Na City de Londres, a realidade é semelhante. O maior centro de finanças da Europa é o palco de uma internacionalização não apenas das operações mas também de operadores. "Atraímos profissionais de todo o mundo, interessados em trabalhar num mercado que vem passando por grandes mudanças e já se tornou líder em vários segmentos. Hoje, trabalham na City 1 milhão de pessoas, e 25% não são britânicos", disse a EXAME John Stuttard, prefeito da City.
Nesse mundo financeiro global, os acertos são pagos com bônus milionários e os erros com a porta da rua. É a meritocracia em estado puro. O recente colapso do segmento de hipotecas de alto risco nos Estados Unidos, por exemplo, já fez duas vítimas no altíssimo escalão: os presidentes do Citi, Charles Prince, e do Merrill Lynch, Stanley O'Neil. Os dois deixaram o cargo depois de seus respectivos bancos registrarem perdas milionárias devido ao excesso de risco tomado antes do estouro da crise imobiliária americana. Nos dias seguintes à saída dos dois tubarões de Wall Street, milhares de operadores em todo o mundo foram às "urnas" e aprovaram as demissões comprando ações dos dois bancos. Até há poucos anos, essa dinâmica implacável estava restrita aos Estados Unidos. Hoje, com a globalização do capitalismo financeiro e o surgimento de operadores ligados 24 horas por dia, poucos cantos do planeta ainda permanecem imunes. No Brasil, um número crescente de executivos está tendo a salutar experiência de prestar contas a seus acionistas a cada abertura do pregão. E Jakurski, mesmo ainda sendo um dos principais operadores globais baseados no país, já não é o único expoente plugado no mundo -- o poderoso grupo de insones só faz crescer.

Ela fechou as portas da Microsoft

Por Guilherme Fogaça da EXAME
O sonho de trabalhar na Microsoft já foi uma unanimidade entre profissionais nos Estados Unidos. Uma multidão de mais de 10 000 funcionários ganhou milhões de dólares com as opções de ações em sua extraordinária abertura de capital nos anos 80. Mais recentemente, no entanto, a empresa perdeu grande parte de seu antigo charme -- sobretudo no quesito desempenho em bolsa. Em 2005, numa das mais vultosas quedas dos últimos anos, as mesmas ações que haviam enriquecido os executivos da Microsoft voltaram ao patamar em que estavam sete anos atrás. Com faturamento de 51 bilhões de dólares no ano fiscal concluído em junho, a Microsoft também acabou se tornando mais lenta e burocrática. Sem diversão, sem desafios, sem autonomia e sem incentivo financeiro fica difícil segurar os empregados. A taxa de rotatividade de funcionários cresceu de 6,7% em 2002 para um pico de 10% em 2005. Até altos executivos começaram a procurar outras companhias mais ágeis -- um exemplo foi Kai-Fu Lee, ex-vice-presidente da Microsoft que migrou para o Google em 2005. Num final de tarde, em abril daquele ano, o presidente mundial da Microsoft, Steve Ballmer, tomou uma atitude inesperada. Ele entrou na sala da gerente de produtos Lisa Brummel, que havia passado as últimas duas décadas na área de engenharia da empresa, e, ao longo de 2 horas, tentou convencê-la de que ela deveria assumir a vice-presidência de recursos humanos. "Logo recusei, mas ele tinha tanta certeza de que eu era a pessoa certa que resolvi encarar", disse Lisa a EXAME.
Lisa chegou ao cargo sem nunca ter pisado na área de RH -- e com a missão declarada de reaproximar a Microsoft de seus mais de 78 000 funcionários em todo o mundo. A empresa que sempre se beneficiara de rupturas tecnológicas para se tornar competitiva precisava de uma ruptura cultural. Lisa passou seu primeiro ano peregrinando uma vez por semana pela sede, em Redmond, no estado de Washington, para ouvir o que os funcionários tinham a dizer. Também começou a visitar blogs como o popular Mini-Microsoft -- criado por um funcionário anônimo e hoje um dos principais fóruns de discussão sobre a vida na companhia -- para entender as causas do descontentamento.
Após tantas andanças, ela descobriu que a empresa estava perdendo a atratividade sobretudo entre os mais jovens (veja quadro). Trata-se de um grupo que, nos Estados Unidos, passou a ser conhecido como geração Y, composta de 70 milhões de americanos entre 18 e 30 anos. Para a Microsoft, em que 82% dos funcionários têm mais de 30 anos, eles ainda são minoria absoluta. Mas Lisa, de 47 anos, sabia que a principal fragilidade da companhia num futuro próximo estava entre os profissionais mais novos. "Eles são ambiciosos, atentos à qualidade de vida e não se imaginam muito tempo dentro de uma empresa que não tenha nada a lhes acrescentar", afirma. Para garantir que a Microsoft acompanhasse o espírito da nova geração, ela constituiu um grupo de dez jovens conselheiros logo após assumir o cargo -- todos em início de carreira.
UMA DAS PRIMEIRAS MUDANÇAS foi a alteração do sistema de feedback. Por sugestão dos funcionários, agora os colegas opinam sobre o desempenho uns dos outros (antes a tarefa cabia apenas às chefias). A Microsoft também começou a investir em dois conceitos que fazem parte do cotidiano dos jovens: mobilidade e flexibilidade. A própria Lisa já é adepta do trabalho remoto. "Chego em casa antes das 6 e meia da tarde, mas estou sempre conectada. Se for só para checar e-mails, faço isso de casa", diz. Ela também está criando um novo ambiente físico na Microsoft -- escritórios moldados segundo o "humor" do grupo. Com paredes móveis, o mesmo espaço pode criar salas individuais ou reunir toda a equipe sem divisórias. A nova cultura já é sentida até pelo fundador da Microsoft, Bill Gates. "As expectativas de comunicação que os jovens trazem para o ambiente de trabalho estão alterando a forma como fazemos negócio. Para eles, uma mesa com telefone é um anacronismo que impede a flexibilidade que seus aparelhos móveis oferecem", escreveu Gates num e-mail enviado a funcionários em outubro.
A característica mais difícil de contornar é a infidelidade da nova geração. Ao contrário dos antigos funcionários, que projetavam toda a carreira numa mesma empresa, os novos empregados traçam objetivos de curto prazo. Um estudo da consultoria americana Rainmaker Thinking revelou que 56% dos profissionais da geração Y esperam ser promovidos dentro de um ano. Por isso, Lisa decidiu tornar mais transparente e objetivo o planejamento de carreira. Agora existe um mapeamento de todos os cargos indicando as habilidades necessárias para ocupá-los. Com essas informações, cada funcionário passa por duas reuniões anuais com o departamento de RH para discutir suas perspectivas para os próximos cinco anos e identificar o que fazer para alcançar a posição desejada.
Lisa também se preocupou em criar uma estratégia para segurar profissionais com ambição de se tornar empreendedores -- um sonho dessa geração. "A maioria dos novos profissionais afirma que, em algum momento, vai deixar o atual trabalho para tocar o próprio negócio", afirma Bea Fields, uma das autoras do recém-publicado livro Millennial Leaders: Success Stories from Today's Most Brilliant Generation Y Leaders (algo como Líderes do milênio: histórias de sucesso dos mais brilhantes líderes da geração Y). A saída foi criar uma agência de idéias, em que um comitê de engenheiros da companhia avalia a viabilidade de novos projetos. Quem tiver em mente um novo produto ou um novo negócio pode receber um financiamento da Microsoft para concretizá-lo sem precisar sair da empresa. "É como se fôssemos uma agência de venture capital", diz Lisa. Nos dois anos e meio em que Lisa está no comando do RH, a taxa de rotatividade caiu para 8,3% -- quase dois pontos percentuais. Agora, as novas diretrizes estão se difundindo pelas 120 subsidiárias da Microsoft no mundo. O Brasil, por exemplo, já adotou o novo estilo de feedback e de plano de carreira. A tacada inesperada de Ballmer parece ter dado certo.

Fabricantes de panetone querem restringir o uso do nome à Itália

A Itália já tem normas rígidas que regem a origem e qualidade de vinhos. O queijo do tipo parmesão só pode ostentar o nome Parmigiano se for produzido em Parma, e as regras relativas ao azeite de oliva "italiano" também estão sendo endurecidas.
Agora o tradicional bolo natalino italiano se tornou o produto mais recente que o governo e os produtores italianos querem proteger contra imitações estrangeiras.
A cada ano, na época do Natal, os padeiros italianos produzem cerca de 117 milhões de panetones e bolos pandoro, no valor de 579 milhões de euros (849 milhões de dólares). Pela lei, eles precisam ser produzidos segundo regras rígidas, usando apenas manteiga e levedo de cerveja.
Mas as mesmas regras não se aplicam fora da Itália, o que significa que os panetones italianos exportados podem não ter a mesma qualidade que os italianos e que as versões produzidas no exterior podem guardar apenas uma vaga semelhança com os bolos altos, fofos e dourados tão apreciados pelos italianos.
"Sete em cada dez panettones e 'pandori' exportados aos Estados Unidos não respeitam as normas de produção. Sete em cada dez norte-americanos que compram um panetone 'em estilo italiano' adquirem uma imitação barata", disse em coletiva de imprensa o presidente da Indústria Italiana de Bolos, Alberto Bauli.
O ministro da Agricultura, Paolo de Castro, disse que o governo estuda maneiras de proteger os legítimos bolos italianos da crescente concorrência latino-americana. As autoridades estudam a possibilidade de levar o caso à Organização Mundial do Comércio.
"Não podemos permitir que os imitadores usem um nome que os vincule a um território que não é deles. De certo modo, estão zombando dos consumidores", afirmou o ministro.
No início do ano De Castro disse que pressionaria a União Européia a fazer com que todo o azeite de oliva vendido na Itália carregue um rótulo identificando a origem das olivas. A iniciativa apoiaria os agricultores italianos, que reclamam que a maior parte do azeite de oliva supostamente italiano é feito com olivas cultivadas em outros países. Se a proposta for aceita, a Itália pode tentar fazer o mesmo com frutas e legumes processados, como a "passata" (polpa de tomate) e alguns produtos como frango e peru, para explorar a qualidade associada ao rótulo "made in Italy", disse o ministro.
Do uol.com.br

Iraque liquida dívida com o FMI ao antecipar pagamento de US$ 470 milhões

Washington, 14 dez (EFE).- O Iraque liquidou hoje a dívida que tinha com o Fundo Monetário Internacional (FMI), ao antecipar o pagamento de US$ 470 milhões, informou hoje a entidade num comunicado.O país tinha até 2009 para saldar o débito, estipulado pelo conselho diretor do FMI em setembro de 2004.O diretor-gerente da instituição de crédito, Dominique Strauss-Kahn, elogiou as autoridades iraquianas por suas políticas macroeconômicas e pelas reformas realizadas durante os últimos anos."A capacidade do Iraque de pagar ao FMI antes do prazo reflete sua forte postura de reservas internacionais contra um contexto de altos preços do petróleo," disse Strauss-Khan.

Fifa confirma Corinthians como 1º campeão do mundo e frustra Palmeiras

A Fifa acabou neste sábado com as pretensões do Palmeiras de ser reconhecido pela entidade como campeão do mundo. Em reunião do Comitê Executivo em Tóquio, no Japão, o presidente Joseph Blatter reafirmou que o primeiro campeonato mundial aconteceu em 2000, no Brasil. O Corinthians foi o campeão.

Presidente Afonso Della Monica com a taça conquista pelo clube na Copa Rio em 1951
"O comitê executivo tomou neste sábado a decisão e é definitiva. O campeão do primeiro Mundial de Clubes é o Corinthians", declarou o suíço Joseph Blatter, que está no Japão para acompanhar a final da quarta edição do Mundial, neste domingo, entre os argentinos do Boca Juniors e os italianos do Milan.O veredicto dado por Blatter põe fim ao sonho dos palmeirenses de ver a Copa Rio de 1951, conquistada pelo clube, ser reconhecida como um Mundial. Dirigentes do clube paulista chegaram a comemorar como certa este ano uma decisão administrativa.Mais tarde, a Fifa anunciou oficialmente que nada estava definido e que caberia ao Comitê Executivo atestar como verdade o parecer dado pelo departamento de pesquisas da entidade. Outros campeões da Copa Rio, como o Fluminense, também tentaram entrar com um recurso, mas não obtiveram sucesso.Agora, com o Corinthians definitivamente considerado o primeiro campeão do mundo pela Fifa, em 2000, os títulos intercontinentais de Santos, São Paulo, Flamengo e Grêmio também não são considerados mundiais.Até o momento, quatro edições do Mundial de Clubes foram realizadas sob a chancela da Fifa. Em 2000, o Corinthians venceu o Vasco na decisão. Já em 2005, o São Paulo bateu o Liverpool. No ano passado, o Internacional passou pelo Barcelona. E este ano Milan e Boca Juniors fazem a grande final.
Do uol.com.br

domingo, 9 de dezembro de 2007

sábado, 8 de dezembro de 2007

Escravos da urgência


Enquanto você executa as atividades rotineiras do trabalho, o telefone toca. De repente, o chefe passa na sua mesa e pede, para daqui a cinco minutos, aquele relatório com entrega prevista antes apenas para semana que vem. Tentando dar conta do pedido, você abre sua empanturrada caixa de e-mails para pegar algumas informações e vê uma nova mensagem brotar na tela. É a convocação para uma reunião de última hora com a equipe. E a pilha de tarefas pendentes se acumula. Se você já se viu em pelo menos uma dessas situações, é muito provável que tenha se perguntado como fazer tantas coisas em tão pouco tempo. Para o especialista em gestão do tempo e produtividade Christian Barbosa, a resposta está diretamente ligada à organização pessoal. “A falta de objetivos claros, planejamento e de dizer ‘não’ levam o ambiente corporativo a uma urgência constante. Tudo é para ontem, e não sobra tempo para as pessoas se dedicarem às atividades importantes, que trazem retorno pessoal e profissional”, explica. Antes de se organizar, porém, é preciso primeiro identificar o modo como seu tempo é gasto no dia-a-dia. Para ajudar na tarefa, Barbosa elaborou uma teoria de sucesso que ficou conhecida como tríade do tempo. Segundo ele, nossas atividades podem ser classificadas de três formas: importantes, urgentes e circunstanciais. O princípio é fácil de entender. Importante é tudo aquilo que tem tempo para ser feito. São ocupações que trazem sensação de realização, prazer e bem-estar, ou seja, qualidade de vida. A decisão do que entra nesse grupo é muito pessoal e pode incluir desde a execução de metas profissionais até relacionamentos pessoais e lazer. Já o urgente são tarefas realizadas com pressa, porque o tempo é curto ou já estourou. Trazem muito estresse, pressão ou preocupação. Entre os exemplos típicos, estão acidentes, relatórios de última hora, problemas imprevistos com clientes, esquecimentos e reuniões emergenciais. A diferença do conceito de tempo da tríade para outros métodos de classificação é que não existe importante e urgente ao mesmo tempo. “Se você precisa ir ao cardiologista dentro de 15 dias para um check-up, isso é importante, mas se estiver enfartando nesse momento, a consulta passa a ser algo urgente”, exemplifica Barbosa.Finalmente, o circunstancial inclui aquelas atividades que consomem tempo à toa. Não passam de afazeres desnecessários e que não trazem resultado algum para a vida, como ir obrigado a festas apenas para ser sociável, limpar caixa de e-mails cheia de spams (mensagem eletrônica não-solicitada enviada em massa) ou levar meia hora num cafezinho que normalmente duraria cinco minutos. Com essas três esferas de divisão do tempo, a tríade serve como um indicador de produtividade pessoal. Apesar de não existir uma fórmula única, as experiências com a ferramenta mostram que o segredo para fazer o tempo render mais está em aumentar a quantidade de ocupações importantes e reduzir ao máximo o que faz parte das outras duas categorias, já que é impossível eliminá-las completamente. “Pessoas extremamente eficazes têm nível de importante entre 55% a 70%, urgente de 15% a 25% e circunstancial abaixo de 5%”, diz o especialista. Barbosa explica também que a flexibilidade dessa composição ocorre, porque cada pessoa tem conceitos particulares sobre o que é qualidade de vida. Para saber como é a sua tríade, clique aqui.Uma vez identificada a composição de sua tríade, o próximo passo para sair da correria é aumentar a esfera de atividades importantes por meio de organização pessoal. Isso pode ser feito com o simples uso de uma agenda, que pode ser tanto um caderninho de bolso até um programa de computador. “Há pessoas que são mais high-tech, outras, tradicionais, e tem gente ainda que é a mistura dos dois estilos”, diz Barbosa. Independentemente de sua preferência, é indispensável escolher um tipo de ferramenta que melhor saiba usar. A única ressalva é quanto a fazer gestão de tempo por memória. “Muita gente pensa no que precisa fazer durante o dia e depois vai executando seus afazeres. Isso não funciona. É preciso descarregar as ansiedades e preocupações em algo”, afirma.
DestaqueBarbosa: “Tudo é para ontem, e não sobra tempo para atividades importantes” Além disso, duas características são necessárias para uma boa ferramenta: unidade e distribuição. Em outras palavras, deve-se usar apenas um instrumento de organização, mas, por outro lado, mantê-lo disponível para onde quer que o usuário vá. No caso de cadernos, isso é fácil, mas se a pessoa utiliza um gerenciador de e-mails como o Microsoft Outlook como agenda em casa, precisa tornar essas informações acessíveis em qualquer lugar por meio de outras ferramentas como smartphone e internet. Agenda escolhida, agora está na hora de preenchê-la. A seqüência e a duração das tarefas devem levar em conta o ciclo natural de produtividade de cada pessoa, que é o ritmo de funcionamento do organismo, composto por momentos de alto e baixo desempenhos durante o dia. Há, por exemplo, pessoas que se sentem mais produtivas de manhã, outras, à tarde, ainda outras, à noite. Assim, períodos de alto desempenho precisam ser usados para execução de tarefas mais complexas, ao passo que os de menor rendimento devem ser reservados para atividades mais simples e rotineiras. Com isso, evita-se a procrastinação, comportamento que gera estresse futuro. Afinal, o importante negligenciado hoje será o urgente de amanhã, segundo o idealizador da tríade do tempo.O ambiente de trabalho também pode exercer influência direta na produtividade. Um local onde há pouca conversa paralela e interrupções desordenadas propicia maior concentração. Segundo a Universidade de Yale, Estados Unidos, um indivíduo leva até 11 minutos para retomar o foco de uma atividade que interrompeu por conta de outra. Nessa questão, o grande desafio é evitar que as tecnologias cada vez mais disponíveis em toda parte se tornem uma fonte de distração. Entre esses grandes vilões do tempo, estão telefones, aparelhos celulares, internet, e-mails e programas de bate-papo. Uma pesquisa realizada em 2005 pela equipe de Christian Barbosa com quase mil diretores e pesquisadores de Tecnologia da Informação revelou que 30% dos entrevistados passavam de uma a duas horas lendo e enviando e-mails – muitas vezes, eliminando spams –, e 22% gastavam mais de três horas navegando na internet para visitar especialmente websites técnicos e noticiários. Noventa e dois por cento dos profissionais faziam isso em horário comercial (veja o quadro “Como usar bem seu e-mail”).Reuniões improdutivas e mal conduzidas também são um grande problema. “O mundo corporativo criou péssimos hábitos. Não há cumprimento de horários, as pessoas são chamadas de última hora e muitas vezes desconhecem o real propósito da reunião”, diz Barbosa. O especialista explica, porém, que isso é algo fácil de resolver com a adoção de algumas medidas. A primeira delas é expor claramente o objetivo da reunião para a equipe e listar por tópicos os assuntos que serão discutidos. Os encontros também devem ser breves – nunca ultrapassar duas horas –, e usados para estabelecer tarefas específicas e com data de conclusão para cada presente. Além disso, o ideal é que seus participantes sejam avisados com pelo menos dois dias de antecedência para que tenham tempo de se planejar para o encontro. O uso equilibrado do tempo muitas vezes requer apenas colaboração da equipe como um todo. “Faça uma reunião toda sexta-feira de planejamento e pergunte: ‘Pessoal, o que na próxima semana pode gerar urgências para nós?’. Discuta isso entre a equipe e tente criar estratégias para reduzir o volume de urgências do dia-a-dia”, aconselha Barbosa. Se focar em prioridades no dia-a-dia é uma grande proeza para funcionários, quem dirá para líderes que precisam administrar negócio próprio. Dividido em tantos afazeres, esse tipo de profissional é um forte candidato a se perder nas coisas pequenas da rotina e deixar de lado o que realmente é importante para a empresa, como o planejamento, a estratégia, a criação de metas, o plano de negócios e o desenvolvimento de parceiros. “Isso é muito comum entre empreendedores”, relata Barbosa, que também atua como instrutor do Empretec, seminário oferecido pelo Sebrae para o desenvolvimento de empreendedores no país. “É como se o dono de uma padaria quisesse fazer o pão porque é um excelente padeiro, em vez de se concentrar em como melhorar a produtividade do seu negócio. Se ele fizer isso, a empresa só conseguirá crescer até onde ele puder abraçá-la. Mas como seu tempo é limitado, logo a empresa também o será”, exemplifica. Por isso, delegar tarefas é fundamental. Métodos de gestão de tempo como planejamento e organização são muito úteis, mas segundo Barbosa não há técnica eficiente o bastante que substitua o passo inicial para qualquer aumento na produtividade: a conscientização. “A pessoa que acha estar sempre certa não consegue fazer mudanças”, diz. O especialista salienta que estar determinado a melhorar comportamentos é um pré-requisito básico para qualquer profissional moderno, uma vez que o espírito de urgência é bastante valorizado no ambiente corporativo atual. Conforme explica, é muito comum a presença de chefes que seguram tarefas em vez de repassá-las logo à equipe exatamente para criar urgências na rotina. Isso produz uma ilusão de eficiência, capacidade e segurança. “A pessoa se sente um super-herói, mas, na verdade, prejudica a equipe, fica depois do expediente, leva trabalho para casa, se afasta das pessoas importantes na sua vida e fica doente.”
Experiência própriaIdealizador da teoria da tríade do tempo e criador hoje da empresa que leva o mesmo nome, o especialista em produtividade Christian Barbosa já esteve nessa situação antes mesmo de imaginar o que era gestão do tempo. O jovem que aos 14 anos já tinha seu próprio negócio, aos 18 desempenhava função de liderança na Blue Eagle, empresa de tecnologia que passava por grande expansão na época. “Eu trabalhava de 16 a 18 horas por dia e fiquei muito doente. Adquiri uma gastrite, que mais tarde se tornou uma úlcera e depois um tumor”, relata. Assustado com o caso inédito para a idade do paciente, o médico recomendou que o rapaz fizesse um curso de Gestão de Tempo. Desde então, Barbosa se interessou pelo assunto, fez especializações e decidiu elaborar sua própria teoria atualizando o método de divisão matricial do tempo elaborado pelo ex-presidente norte-americano Dwight Eisenhower. Em 2004, lançou suas idéias no formato de um livro, A tríade do tempo: a evolução da produtividade pessoal (Editora Campos), que fez grande sucesso. Hoje, a Tríade do Tempo é uma empresa que presta consultoria, treinamento, e oferece produtos para gestão do tempo e produtividade. Desenvolveu softwares de organização pessoal que centralizam todos os dados, informações, compromissos do usuário em uma só ferramenta, disponibilizando-os na rede para permitir acesso em outros lugares. Um desses programas é o Neotriad (www.neotriad.com.br), que também faz classificação automática de atividades inseridas na ferramenta e alimenta o banco de pesquisas da Tríade do Tempo, atualmente com 2 milhões de atividades gerenciadas por meio do sistema. O Neotriad é usado como complemento das consultorias realizadas pela empresa, já que fornece uma rica quantidade de dados. “Chegamos ao nível de precisar qual é o pior dia de produtividade do funcionário xis para que seu supervisor delegue mais tarefas a ele exatamente nos seus picos de rendimento”, explica Barbosa. “Também podemos dizer se um profissional se dá melhor com tarefas de longa ou curta duração a fim de adaptar a forma de execução da atividade para seu perfil.”Mais do que produtividade, Barbosa acredita que seus produtos e teoria ajudam os profissionais a ganharem mais qualidade de vida. “A vida passa rápido demais para quem vive de urgências e circunstâncias, e não de importâncias, coisas que realmente nos realizam.”Coloque a vida em diaSe você já tem uma agenda extrapolada de atividades e com mais urgências do que tempo para realizá-las, veja as dicas de como colocar a casa em ordem:
1 – Qual o tamanho do estrago?
A primeira providência para resolver seu caos é listar todas as atividades pendentes, verificar reuniões, e-mails e tarefas inacabadas. Ao lado de cada atividade, coloque a duração prevista (em minutos ou horas) para executá-las.
2 – Classifique suas atividades
Como tudo está pendente mesmo, boa parte dessas tarefas não são verdadeiras urgências. Uma parte pode aguardar para ser resolvida, outras podem até ser canceladas ou delegadas. Ao lado da duração das tarefas, classifique os itens como importantes, circunstanciais ou urgentes, respectivamente.
3 – Priorize e planeje o que deve ser feito
O próximo passo é priorizar as urgências. Coloque uma ordem numérica e seqüencial das urgências que devem ser resolvidas primeiramente (priorize as coisas com menor duração, que são mais rápidas e fáceis de serem resolvidas). Depois, continue sua ordenação com as atividades importantes e, por último, as circunstanciais.Depois, coloque suas prioridades no calendário da próxima semana, seguindo a ordem dos itens ao longo dos dias. Neste período, o ideal é minimizar ou evitar períodos de reuniões. Esteja pronto para dizer “não” para qualquer atividade circunstancial que aparecer. Priorize para cada dia apenas aquilo que será feito. Não coloque coisas demais, pois este não é o momento de gerar mais atrasos. Seja bem realista com você mesmo.
4 – Peça ajuda e negocie
Você está em estado de calamidade pública, e não é a hora para querer ser um herói solitário. Converse com a sua equipe ou com seu chefe, e mostre seu plano de ação para resolver as pendências. Peça a colaboração para evitar ser interrompido, ajuda para as novas atividades e o bom senso no uso de e-mails. Veja se algo pode ser delegado e passe para a equipe.
5 – Compromisso com você mesmo
Finalmente, para sair do sufoco, é necessário estar bastante comprometido com você mesmo. Nessa semana, provavelmente precisará trabalhar um pouco mais, cancelar atividades pessoais e ter um foco mais ativo. Lembre-se de que momentos assim devem ser raros. Se você está entrando nesse caos constantemente, algo pode estar errado com a forma como você tem planejado sua vida.
Dicas para usar bem seu e-mail:
A mensagem eletrônica é o maior fator de interrupção e distração das pessoas que trabalham em frente ao computador. Quantas vezes você parou alguma atividade por causa do bip ou do ícone que avisa a chegada de novos e-mails?
1. Tenha dois endereços eletrônicos – Quando precisar se registrar em websites duvidosos ou em malas-diretas, utilize sempre um e-mail opcional para evitar que seu e-mail principal fique cheio de bobagens.
2. Crie horários – Feche seu programa de e-mail e crie horários específicos para checar novas mensagens, que devem ser verificadas, no máximo, até cinco vezes durante o dia para evitar interrupções constantes. Se precisar muito, crie uma regra em seu software para avisá-lo quando o e-mail de uma pessoa realmente importante chegar.
3. Tome uma ação imediata – Se o e-mail exigir alguma ação que vai tomar até 3 minutos do seu tempo, então faça logo. Se deixar para depois, você terá que ler tudo de novo e fazer o que já poderia ter feito antes. Se exigir um tempo maior, delegue ou crie uma tarefa na sua agenda para atender a esse e-mail em um horário mais apropriado.
4. Evite caixa de entrada cheia – Muitas mensagens podem significar muitas pendências. Se você precisa fazer algo referente a um e-mail, defina isso em sua agenda e apague-o da sua caixa de entrada. E-mails acumulados podem ser fontes de esquecimentos, problemas e dificuldade em localizar informações quando precisar.

Prepare-se para administrar melhor seu 2008

Se você acha que não precisa de nada além de um relógio para administrar seu tempo está muito enganado. Para você conseguir mais tempo em sua vida e uma maior organização é preciso achar a ferramenta certa.
Um dos fatores que geram estresse, ansiedade e falta de tempo na maioria dos profissionais é o fato de não conseguirem tirar seus afazeres e preocupações da sua cabeça. Ficam sempre buscando algo que foi esquecido para ser feito.
Meu mestre de Taekwon-do comentou sobre isso em uma aula. Ele disse que o aluno não consegue se concentrar no “Tull” (conjunto de formas) pois sua mente está compartilhando uma série de outras lembranças. Ele ensina que o Tull perfeito é feito quando o aluno consegue tirar todas as suas preocupações e deixar a mente livre para aquele momento.
A analogia é a mesma em sua rotina diária. Se você não tirar as preocupações e afazeres da sua mente para um outro “recipiente”, será quase impossível ter um dia mais produtivo.
É fundamental que você tenha um “planejador pessoal”. Mas qual será a ferramenta ideal para você? O mercado nacional já tem diversas opções interessantes que vão desde agendas tradicionais, planners, PDAs, smartphones até softwares.
A escolha do seu planejador começa com a análise do seu perfil. Você precisa pensar se prefere os modelos em papel (tradicionais), modelos high tech ou um “híbrido” desses dois mundos. Não existe um perfil melhor que outro, a ferramenta adequada é aquela que se encaixa mais no seu modo de ser.
O conceito básico é que você escolha uma ferramenta que centralize suas atividades, compromissos, informações, contatos, etc. Muitas pessoas utilizam uma ou duas agendas, ou um caderno de anotações. Quando você distribui suas informações acaba perdendo muito tempo, e por isso centralizar é fundamental neste caso.
O primeiro ponto dessa ferramenta é que ela seja móvel, pois você não fica exclusivamente em um lugar. Isso significa que sua ferramenta não pode ser somente seu computador de mesa. Suas informações precisam estar com você onde quer que você esteja.
Se você for high tech, existem boas alternativas. A primeira é a utilização da própria Internet. Existem diversos serviços online que permitem controlar toda sua produtividade. Minha sugestão é que você experimente o http://www.neotriad.com/, que atualmente é uma das soluções mais completas nesse segmento.
Escolha uma ferramenta que permite sincronizar os dados do seu micro (como seu Microsoft Outlook) com a Internet, pois isso evita o re-trabalho. Se puder investir na compra de um dispositivo móvel como um Palm ou Pocket PC, seu sistema ficará ainda mais completo.
Caso prefira a boa e velha agenda de papel, procure por um modelo que unifique tarefas, contatos, compromissos e anotações em um único local. Existem diversos modelos de "Planners" no mercado nacional que atendem esse requisito: RedFax, Franklin Planner, Daily Runner, etc.
Com a ferramenta escolhida, todas as ações que precisam ser feitas por você no dia-a-dia devem ser transformadas em tarefas no seu planejador. O seu dia deve ser organizado com base em ações (tarefas) e reuniões (compromissos). Cada uma dessas atividades tem uma duração específica e essa é a informação mais importante para você gerenciar seu tempo. Não deixe suas atividades ultrapassarem 6 horas diárias, pois, com tempo, você consegue espaço para encaixar eventuais urgências e interrupções que apareçam no seu dia.
Aproveite o espírito Natalino para comprar seu planejador e começar um 2008 muito mais focado e organizado!

Trajedia cotidiana ou melhor corintiana

Olha só a que ponto um torcedor de um corinthians chegou:

http://www.youtube.com/watch?v=4tt2TyCswF8

Veja só o cumulo do absurdo...

Vendedor de CDs piratas aborda ator de " Tropa de Elite " para a venda do seu filme:

http://www.youtube.com/watch?v=HUJp19fgCic

Volta ao Mundo em notícias

China
Para quem teme que a instável situação econômica dos Estados Unidos prejudique os negócios do setor de publicidade, um estudo da agência americana Universal McCann trouxe uma notícia alentadora. Segundo o trabalho, os investimentos com propaganda no mundo devem crescer 5,5% em 2008, graças, principalmente, à realização da Olimpíada de Pequim. Com um mercado consumidor em expansão, a China deve dar ainda muitas outras alegrias aos profissionais da área. De acordo com um estudo da PriceWaterhouseCoopers, 22,5 bilhões de dólares serão investidos em publicidade em 2011 nas seis maiores mídias chinesas, quase o dobro da média atual.
Alemanha
Surgiu uma luz no fim do túnel para os altos índices de desemprego que vêm assombrando algumas das grandes economias da Europa. Um estudo recente elaborado pela Eurostat mostrou que foram criados neste ano no continente cerca de 3 milhões de empregos. Nada menos que 80% dessas novas vagas apareceram graças à expansão das empresas de serviços, como restaurantes, bares, hotéis e complexos turísticos. Alemanha, Espanha e Polônia estão entre os países que mais contribuíram para esse número positivo.
Israel
Os professores israelenses do ensino médio estão em greve desde o início de outubro. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho. A paralisação é apenas um dos sintomas da decadência do sistema de educação no país nos últimos anos. Os investimentos do governo com o setor caíram de 9,3% do PIB em 2002 para 8,3% no ano passado. De acordo com a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os salários dos professores em Israel são os mais baixos do mundo industrializado, cerca de 600 dólares para um educador iniciante.
Estados Unidos
A japonesa Sony conseguiu abrir uma vantagem importante para tornar o Blu-ray o modelo de DVD de alta definição mais aceito pela indústria -- hoje a empresa disputa uma renhida batalha com a Toshiba, que defende o HD DVD. Recentemente, a Sony firmou um acordo de exclusividade com os estúdios Disney. Pelo contrato, serão lançados três filmes no formato Blu-ray: Piratas do Caribe, Carros e Ratatouille. A adesão da Disney foi celebrada com uma festa em Los Angeles, onde os maiores nomes da empresa estiveram presentes. Hoje, de cada três filmes lançados nos Estados Unidos, dois são em Blu-ray e apenas um em HD DVD.
Inglaterra
Sanduíches maiores como o Big Tasty e lanchonetes fechando suas portas muito mais tarde. Essa é a receita do McDonald's para aumentar em 2008 as vendas na Inglaterra, onde sempre teve dificuldades para engrenar. De um ano para cá, porém, o faturamento no país aumentou quase 5%, o que levou a rede de fast food a apostar alto agora para chegar a um novo patamar em termos de lucratividade por lá.
Espanha
O grupo Pontegadea, do empresário espanhol Amancio Ortega, acaba de comprar no país dez edifícios históricos do banco Santander. Com a venda, uma operação de mais de 670 milhões de dólares, o Santander obteve um ganho de capital de cerca de 317 milhões de dólares. De acordo com o contrato, o banco continua sendo inquilino dos imóveis por 40 anos e terá a opção de comprar de volta os bens no final desse período. Representantes de GE, Deutsche Bank e Goldman Sachs estavam na concorrência vencida por Ortega.
Edição: Sérgio Ruiz Luz da Exame

É dificil agradar a todos

Por Melina Costa e Lucas Bessel da EXAME
O termo globalização, com o significado que as pessoas conhecem hoje, foi cunhado em 1983 por Theodore Levitt, professor da Harvard Business School, morto no ano passado. Num artigo intitulado Globalização dos Mercados, Levitt, reconhecido por seus profundos conhecimentos em marketing, traçou um cenário cor-de-rosa para as grandes corporações (especialmente, americanas e européias). Com um mundo mais integrado, essas empresas conquistariam novos mercados e se beneficiariam de excepcionais ganhos de escala. No atacado, sua teoria estava correta -- só não está sendo tão fácil quanto ele imaginava. Entre alguns outros percalços -- como protecionismo e concorrência de negócios locais --, uma questão tem desafiado a estratégia expansionista das grandes empresas: até que ponto é possível adotar o marketing globalizado, também baseado em escala. Escolher um nome de produto que faça sentido no mundo inteiro e produzir campanhas que sejam corretamente compreendidas tornou-se obsessão, nem sempre bem-sucedida, das grandes corporações.
Um episódio recente envolvendo a montadora alemã Volkswagen dá uma boa amostra da dimensão desse problema. Por causa de um mal-entendido semântico, a empresa teve de cancelar uma campanha publicitária no mercado americano. A propaganda, que anunciava o novo modelo do Golf, referia-se ao carro como Turbo-Cojones. Ao usar o termo cojones, de origem espanhola, a intenção era cativar a comunidade hispânica dos Estados Unidos, um dos mercados mais cobiçados pelas empresas atualmente. Entre o público americano, nenhum problema. Cojones é entendido como "valente". Mas em espanhol a palavra é empregada para designar uma parte da anatomia masculina, os testículos. Alertada, a Volkswagen interrompeu a campanha, mas o estrago já estava feito. A gafe virou tema de reportagens no mundo inteiro e revelou outra armadilha da globalização que Levitt ignorou em seu famoso artigo -- erro local, dano global.
A SITUAÇÃO ENFRENTADA pela Volkswagen não é uma exceção, um caso isolado. Em maior ou menor grau, multinacionais de todo o mundo vêm encarando dificuldades para criar -- ou divulgar -- suas marcas (veja quadro). Para evitar os tais "danos globais", as multinacionais vêm formando enormes estruturas de controle. A Unilever, presente em 150 países, organizou um sistema dividido em três instâncias -- global, regional e local --, pelas quais todas as sugestões de peças publicitárias e nomes de produtos devem passar. Ao todo, centenas de pessoas participam desse processo, que, em alguns casos, pode durar até dois anos. "Não é um processo simples e rápido, mas é eficaz", diz Andrea Rolim, diretora de marketing da marca Seda, da Unilever, no Brasil. Na Avon, outra empresa com atuação global, todas as campanhas passam pelo crivo de profissionais de marketing e advogados nos 142 países onde a companhia atua. A triagem recebeu o sugestivo nome de disaster check (checagem antidesastre) e pode durar até três anos.
Mesmo com todos esses cuidados, os "desastres" ainda persistem. Recentemente, a Nike, uma das empresas mais globalizadas do planeta, foi surpreendida pela forte reação a uma de suas campanhas. A multinacional foi acusada até de blasfêmia pelo governo chinês por causa de uma propaganda aparentemente inofensiva. O comercial de TV, depois cancelado, mostrava o jogador de basquete americano LeBron James brigando com lutadores de kung fu e um par de dragões (e vencendo todos eles). Para os chineses, o filme soou como chacota de um estrangeiro frente a símbolos nacionais. "Num país ocidental, um famoso derrotando aquilo que é antigo seria popular entre os jovens. Mas a Nike não estava preparada para o peso das tradições na China", diz Elliot Polak, presidente da consultoria TextAppeal, em Londres.
Alguns exemplos de campanhas que esbarraram em diferenças culturais:
Vick: Na Alemanha, o nome do produto Vick é escrito Wick. Segundo a Procter & Gamble, o objetivo foi padronizar a pronúncia. Especialistas ouvidos por EXAME dizem que a troca de uma letra evitou mais um problema: se fosse escrita com “v”, a palavra seria — foneticamente — sinônimo de relação sexual

KFC: Quando chegou à China, a KFC levou também o slogan Finger lickin’ good (ou “Bom de lamber os dedos”, em tradução livre). O problema é que em ideogramas chineses a expressão significa “coma seus próprios dedos”
Besta: Segundo a Kia Motors, que lançou o modelo no Brasil na década de 90, o nome foi escolhido porque conferia “atributos animais” ao carro.Apesar das piadas óbvias — dado o tom pejorativo do termo em português —, a Kia não se arrepende da escolha e alega que a Besta foi um de seus carros mais vendidos no país
Bacardi :O sucesso do slogan The way it should B(“Do jeito que deve ser”,em tradução livre) na Inglaterra fez com que a companhia cogitasse estendêlo para todo o mundo.Os planos foram frustrados depois de se constatar que na Rússia a pronúncia da letra “b”é uma gíria para prostituta.

Fontes: TextAppeal e empresas
Criar uma campanha global, em que o nome e a mensagem da empresa sejam bem compreendidos no mundo inteiro, traz van tagens óbvias para as grandes corporações. Os investimentos em criação e divulgação são menores e os processos menos complicados (equipes reduzidas, menos produtos para desenvolver etc.). Mas, como se vê, nem tudo é assim tão simples. "Além dos mal-entendidos, o consumidor tende a se identificar menos com um produto feito para o mundo inteiro", afirma Alejandro Pinedo, diretor-geral da Interbrand no Brasil. Apesar das enormes dificuldades, algumas empresas vêm conciliando com sucesso campanhas globais com especifi cidades de cada país. Um exemplo é o banco britânico HSBC. No ano passado, a instituição exibiu uma propaganda que mostrava como as agências e o pessoal do banco estavam preparados para receber clientes de qualquer nacionalidade, em qualquer país, como se eles estivessem em casa. A mensagem era clara: o banco estava ciente das diferenças e sabia como atendê-las. A campanha rendeu prêmios de publicidade e uma imagem mais simpática à marca. Pelo menos nesse caso, uma campanha global conseguiu agradar a todos.

O número 1 da bolsa

Logo que saiu da faculdade, o administrador de empresas Wagner Salaverry, de 30 anos, tornou-se um especialista em armas e munições. Desde 1999, faz parte de seu dia-a-dia conhecer polímeros e outros materiais usados para fabricar revólveres. Salaverry jamais trabalhou numa fábrica de armas. E a militância em ONGs pró-desarmamento não faz parte de suas atividades. Salaverry só quer ganhar dinheiro com seu conhecimento de armas. Ele coordena a gestão do fundo de ações Geração FIA, da corretora e gestora de recursos gaúcha Geração Futuro, e aplica nos papéis da Forjas Taurus, a principal fabricante brasileira de armas e equipamentos de segurança. Salaverry também entende de aço, de papel e de motores, produtos fabricados por empresas que fazem parte do portfólio da Geração Futuro. Por enquanto, essa estratégia à la Warren Buffett tem dado resultados. O Geração FIA foi o fundo de ações que mais rendeu nos últimos quatro anos, mostra um levantamento feito pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas a pedido de EXAME. O retorno, de janeiro de 2003 a setembro de 2007, chegou a 945%, o dobro da alta registrada pelo Índice Bovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo.
Com esse desempenho, a Geração Futuro, gestora de porte médio e relativamente desconhecida, fundada em Porto Alegre em 1994, superou a rentabilidade de casas consagradas, como Hedging-Griffo e Pactual, e também dos grandes bancos de varejo (veja quadro na pág. 182). Sua receita é especialização e foco. Desde 2001, quando passou a seguir a estratégia que mantém até hoje, Salaverry aplica o patrimônio do fundo nas ações de pouquíssimas empresas. Hoje, são apenas nove -- Taurus, Gerdau, Guararapes, Petrobras, Plascar, Randon, Usiminas, Votorantim Celulose e Papel e Weg. "É uma radicalização do modelo de Warren Buffett, que aplica em cerca de 50 empresas", diz William Eid, professor da FGV e coordenador do levantamento. O megainvestidor americano Warren Buffett, terceiro homem mais rico do mundo, é conhecido por olhar com lupa as companhias em que investe e extrair retornos memoráveis desse estilo de gestão.
Ao colocar dinheiro em poucas empresas, a Geração fica com grandes participações do capital de cada uma delas. É a segunda maior acionista de Plascar, Randon e Taurus e a oitava da Usiminas. "Com isso, não queremos ensinar, por exemplo, a Usiminas a produzir aço", diz Salaverry. "Nosso objetivo é poder sair do escritório e olhar de perto as operações dessas empresas." A cada dois meses, Salaverry e os outros nove analistas que o auxiliam na gestão do Geração FIA reúnem-se com os executivos das companhias e, duas vezes por ano, visitam fábricas e instalações. "Eles são muito detalhistas e já aconteceu de saberem antes de nós o que estava ocorrendo na nossa indústria", diz Edair Deconto, gerente de relações com investidores da Taurus. Deconto se refere a um episódio que ocorreu em outubro, quando a fabricante americana Smith & Wesson reduziu sua previsão de lucros para o trimestre, o que fez com que suas ações caíssem quase 40%. Com a queda, a Taurus passou a valer mais que a concorrente em bolsa.
OUTRA CARACTERISTICA de Salaverry e equipe é manter as ações em carteira por mais tempo que a concorrência -- em média, cinco anos e meio. O banco Crédit Agricole, por exemplo, substitui a cada 12 meses todos os papéis de seu fundo Selection, o terceiro mais rentável da lista da FGV. No HG Strategy, da Hedging-Griffo, as ações são mantidas no portfólio por, no máximo, um ano. "Alguns clientes perguntam por que, com o passar do tempo, os papéis que compõem a carteira não mudam", diz Salaverry. A resposta: "Não achamos relevante aplicar 1% numa empresa, pois, mesmo que ela tenha uma valorização extraordinária, o impacto no ganho do cotista será mínimo." Além disso, faz parte da estratégia do fundo investir em ações que estão fora do radar da maioria dos analistas mas apresentam perspec tivas de crescimento ao longo dos anos. Para chegar a esses achados, eles acompanham 31 companhias, além das nove que fazem parte do Geração FIA.
Uma das descobertas mais rentáveis foi a da fabricante de autopeças Plascar. A ação entrou no portfólio do fundo em 1997, mas teve um desempenho ruim até 2005. Ainda assim, Salaverry decidiu mantê-la em carteira por acreditar nas perspectivas para o mercado de veículos no Brasil. A empresa acabou, de fato, beneficiada pela recente recuperação da indústria automotiva e pela troca de seus controladores, com a entrada da tradicional gestora americana de recursos Franklin Mutual e do IAC Group, do bilionário Wilbur Ross. O valor de mercado da Plascar, que estava em 60 milhões de reais em 2005, bateu em 1,6 bilhão de reais em novembro deste ano.
A Plascar é um exemplo de quanto os cotistas do Geração FIA podem ganhar quando as apostas dos gestores dão certo. Quando algo sai errado, porém, as perdas podem ser especialmente dolorosas. "A concentração excessiva em poucas empresas é perigosa", diz Marcelo Cavalheiro, chefe da equipe de análise da Hedging-Griffo. Diz uma das regras mais básicas sobre investimentos que é perigoso colocar todos os ovos na mesma cesta -- ou em poucas cestas. Salaverry garante que o fundo ainda não teve um grande revés. Mas boa parte do tempo em que o fundo segue a estratégia atual compreendeu um período de bonança da bolsa. "Não houve nenhuma grande crise financeira desde 2003", diz William Eid, da FGV. Ainda assim, acrescenta o professor: "Quatro anos é tempo suficiente para descobrir gestores aventureiros, que arriscam desnecessariamente o patrimônio de seus clientes. Não parece ser o caso da Geração". Ao menos até agora, os riscos que o fundo corre têm sido bem remunerados.

Onde estão os bancões?
O melhor fundo de ações nos últimos quatro anos(1) é o Geração FIA, da Geração Futuro, uma gestora de tamanho médio. Entre os cinco primeiros colocados, não há nenhum dos grandes bancos

Fundo Rentabilidade
1o GERAÇÃO FIA Geração Futuro 945%
2o TEMPO CAPITAL FI AÇÕES Tempo Capital 714%
3o CRÉDITAGRICOLE SELECTION CASPIA FIA Crédit Agricole 705%

4o HG STRATEGY II FIA Hedging-Griffo 666%

5o FIA PACTUAL AÇÕES Pactual 628%
ÍNDICE BOVESPA 437%

(1) De 1O/1/2003 a 30/9/2007Fonte: Centro de Estudos em Finanças FGV/EAESP

A era das empresas mutantes

Por Cristiane Correa da EXAME
No final da década de 90, a americana Marvel, uma das maiores editoras de histórias em quadrinhos do mundo, estava à beira da falência. Fundada na década de 30 e com uma incrível coleção de super-heróis -- X-Man, Quarteto Fantástico e Hulk, entre os mais famosos --, a Marvel não conseguia atrair novos leitores. Para tentar resolver a crise, dois diretores da companhia, Isaac Pearlmutter e Avid Arad, tiveram uma idéia: transformar seus desenhos em filmes. Na opinião dos executivos, os personagens da empresa eram um bem valioso demais para ficar confinados em bibliotecas, livrarias e bancas de revistas. O escolhido para protagonizar a virada da Marvel foi o Homem-Aranha, a identidade secreta do fotógrafo Peter Parker. Em 2002, a história do tímido adolescente que ganha superpoderes após ser picado por uma aranha geneticamente modificada chegou aos cinemas -- e transformou-se na maior bilheteria do ano. Logo depois, Pearlmutter assumiu o cargo de presidente da empresa.
O incrível roteiro protagonizado pela Marvel é um dos melhores exemplos do livro Unstoppable -- Finding Hidden Assets to Renew the Core and Fuel Profitable Growth (numa tradução livre, "Irrefreável -- Encontrando bens escondidos para renovar o core business e acelerar o crescimento com lucro"), recém-publicado nos Estados Unidos pelo consultor Chris Zook, sócio da Bain & Company. Unstoppable marca o fim de uma trilogia que começou em 2001, com o lançamento de Lucro a Partir do Core Business. A obra defendia a tese de que os executivos devem concentrar seus esforços no crescimento do principal negócio da empresa, em vez de ficar tateando às escuras em busca de oportunidades que pouco têm a ver com sua essência. Três anos depois, chegava às livrarias Além das Fronteiras do Core Business, em que Zook discorria sobre as benesses do crescimento adjacente, em áreas próximas do negócio principal de uma empresa. Neste terceiro e último livro sobre o tema, o autor prega que para ganhar novos mercados as empresas precisam analisar profundamente quais são seus bens mais valiosos e, a partir daí, traçar novos rumos.
Para chegar a essa conclusão, Zook fez um estudo profundo sobre companhias que mudaram sua direção estratégica. Os resultados são preocupantes. Das 500 maiores empresas americanas listadas pela revista Fortune em 1994, 153 haviam desaparecido depois de uma década (Polaroid e WorldCom, por exemplo). Das 347 que sobreviveram, Zook afirma que 130 fizeram uma dramática transformação. "Em dez anos, uma em cada três empresas não será mais independente -- por causa de falência ou aquisição -- e uma outra terá um core business completamente diferente do atual. Apenas uma delas vai lembrar o que é hoje", diz ele.
OS RESPONSAVEIS POR ESSA dramática mudança na vida das empresas são os culpados de sempre: o mundo cada vez mais competitivo, as novas tecnologias que permitem o surgimento de concorrentes vorazes, a globalização. É por causa desses culpados que muitas vezes as empresas não percebem quais são seus bens escondidos. No entanto, quando elas conseguem identificar valores que até então foram relegados a segundo plano, o resultado pode ser muito animador. Foi o que aconteceu com a GE. O maior motor de seu crescimento recente foi a GE Capital, uma divisão fundada nos anos 30 e cujo principal papel até a década de 90 era financiar a compra de equipamentos fabricados pela empresa. Jack Welch, presidente da companhia na época, percebeu que a GE Capital poderia ir além e a colocou no centro da estratégia. Entre 1990 e 2000, a GE Capital fez mais de 170 aquisições. Hoje, a empresa trabalha até mesmo com crédito imobiliário.
Os exemplos de companhias que, como a Marvel e a GE, conseguiram identificar seus "bens escondidos" e ganhar muito dinheiro com eles são freqüentes na obra de Zook. O problema é que na vida real elas são exceção. Segundo o autor apenas uma em cada cinco empresas que tentam redefinir seu foco tem sucesso na empreitada. A maioria morre no meio do caminho. O melhor exemplo de colapso é o da japonesa Kongo Gumi, que até janeiro de 2006 ocupava o posto de empresa mais antiga do mundo. Fundada no ano 578 para construir templos budistas em seu país, a empresa passou quase 1 400 anos fazendo a mesma coisa. No final do século 20, com a demanda de construção de novos templos em baixa, a Kongo Gumi decidiu diversificar. A saída encontrada foi entrar no mercado imobiliário, erguendo prédios de apartamentos e escritórios. Deu errado. Com receitas em queda e uma dívida milionária, a Kongo Gumi foi vendida no ano passado.
O principal problema do livro é que ele tem um sabor de coisa ligeiramente requentada. Zook aproveita raciocínios de seus títulos anteriores e cita com freqüência outros best-sellers de negócios, como Feitas para Durar, de Jim Collins, e A Estratégia do Oceano Azul, de W. Chan Kim, para reforçar suas teses. Com poucos pensamentos realmente originais, Unstoppable é um livro útil para qualquer executivo que hoje esteja à frente de uma mudança estratégica numa companhia -- mas está longe de ser uma obra indispensável.

Tarifa de TV a cabo pode subir, diz associação

A proibição da cobrança do ponto extra de recepção dos sinais de TV por assinatura - medida incluída no novo regulamento para o setor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) - pode trazer aumento do custo das tarifas para todos os consumidores do serviço. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), Alexandre Annenberg.
Segundo ele, a cobrança ocorre porque não há simples ativação do serviço, mas a prestação de atividade permanente. "Há uma ativação permanente da rede, que funciona independentemente de a TV estar ligada. Existem custos para operar essa rede". Caso não sejam pagos, as empresas precisarão cobrir esses custos. "Então, terei de cobrar de todos", diz.
A vedação da cobrança do ponto extra de recepção e outras medidas do novo regulamento passarão a valer dentro de 180 dias. Segundo entendimento da Anatel, o usuário já paga pela programação ao contratar o ponto principal. Portanto, não deve ser cobrada a mesma programação recebida no ponto adicional. Para o presidente da ABTA, no entanto, atualmente o cliente já não é cobrado pelo conteúdo que recebe. "O que ele paga é a operação da rede. Por isso, o valor de um ponto extra corresponde de 20% a 25% do ponto normal".
As empresas do setor devem se reunir hoje para avaliar a resolução da Anatel. A NET, maior operadora de TV por assinatura do País, informou por meio de assessoria de imprensa que tem prazo de 180 dias para atender as determinações e que, até lá, nada muda para os clientes. A TVA informou que adota o posicionamento definido pela associação do setor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais um magnata mexicano vem aí



Uma das principais características da economia mexicana é a incomum força de três grupos -- o Estado, as empresas americanas e os magnatas locais. O primeiro é dono do monopólio do petróleo, maior e mais rentável negócio do país. O segundo é formado por companhias como Wal-Mart e Citigroup, que avançaram em seus setores por meio de aquisições. E o terceiro manda, basicamente, no resto. Sete empresários locais, apelidados de los tycoons, lideram conglomerados que dominam setores como mineração, metalurgia, telefonia e mídia. À frente desse grupo está Carlos Slim Helú, dono da maior fortuna do mundo. Na última década, ele se tornou também o primeiro dos bilionários mexicanos a investir no Brasil -- e o fez de maneira agressiva, ao comprar seis operadoras e transformá-las na Claro, terceira maior operadora de telefonia móvel do país. Nas últimas semanas, Slim ganhou companhia. Um de seus principais rivais, o empresário Ricardo Salinas Pliego, também decidiu entrar no Brasil. Dono da maior rede de varejo de eletroeletrônicos, a Elektra, e do terceiro maior banco do México, o Azteca, Salinas vai abrir até o começo do ano que vem 12 lojas e 12 agências bancárias nas regiões Norte e Nordeste do país. O investimento inicial não passa de 25 milhões de dólares, mas analistas e concorrentes esperam para logo o anúncio de investidas maiores. Segundo EXAME apurou, no momento Salinas negocia com cinco redes de varejo brasileiras. A idéia é comprar pelo menos uma delas nos próximos meses. "Estamos estudando a possibilidade de adquirir uma rede de varejo local", diz Luiz Niño, vice-presidente do conselho do banco Azteca.

Família Klein estuda venda da Casas Bahia

Por Tiago Lethbridge da revista Exame

Segundo sete fontes independentes ouvidas por EXAME nos últimos três dias, a família Klein, dona da Casas Bahia, está procurando um comprador para a maior varejista de eletrodomésticos e móveis do Brasil. Três dessas fontes são executivos de empresas diferentes que participam diretamente das negociações. Há cerca de três meses, a Casas Bahia enviou a potenciais interessados uma carta com números da empresa, abrindo as conversas. Foram assinados acordos de confidencialidade e, desde então, os interessados e seus assessores financeiros analisam os números e elaboram as possíveis estruturas da transação. De acordo com um cronograma previamente estabelecido, as ofertas iniciais deveriam ser feitas até o fim da semana passada. Nos últimos dias, porém, a informação circulou entre bancos de investimento, que começaram a procurar outros investidores para entrar no processo — que, se antes era restrito a poucos participantes, pode ganhar novos atores nos próximos dias.
Segundo EXAME apurou com executivos que participam das negociações, é cedo para dizer se a Casas Bahia será efetivamente vendida ao final do processo. “Nos abordaram e tivemos extensas reuniões com eles, mas isso não quer dizer que o negócio vai ser concluído”, diz o assessor de um dos interessados. Segundo dois executivos envolvidos, a Casas Bahia não teve seus balanços auditados por firmas independentes, passo considerado básico para quem deseja atrair compradores, especialmente entre empresas de capital aberto. E o representante dos Klein não seria um banco de investimento, mas o consultor especializado em varejo Marcos Gouvêa de Souza. A aquisição seria um passo colossal, certamente a maior transação da história do varejo brasileiro. O faturamento da companhia beira os 12 bilhões de reais. Pelos padrões de valor de mercado de empresas do setor, uma eventual compra custaria cerca de 6 bilhões de reais.
A falta de balanço auditado, o tamanho da Casas Bahia e a ausência de um banco de investimentos do lado dos vendedores deram origem a um indisfarçável ceticismo entre os possíveis compradores. Segundo um executivo que se debruçou sobre os números da Casas Bahia, é praticamente impossível fazer uma aquisição desse porte sem que a companhia vendedora faça, antes, um extenso dever de casa. A história recente do varejo brasileiro dá provas disso. Há cerca de dois anos, os sócios da rede Atacadão tentaram vender a companhia, mas o negócio não foi concretizado. À época, os valores oferecidos beiravam os 600 milhões de dólares. Os sócios decidiram, então, auditar seus balanços e colocar as contas em ordem. Foi um sucesso: em abril, o Carrefour comprou o Atacadão por 1,1 bilhão de dólares. “A impressão que dá é que os Klein estão testando a temperatura da água”, diz um alto executivo do setor, que não quis ter seu nome revelado por ter assinado um acordo de confidencialidade com a Casas Bahia. “Se não receberem uma proposta espetacular, podem decidir reestruturar a companhia e voltar a atrair interessados ou fazer uma abertura de capital no futuro.”
Fundada em 1952, a Casas Bahia se tornou na última década um dos maiores fenômenos de crescimento do capitalismo brasileiro. Seu modelo de negócios inovador, voltado ao consumidor de baixa renda, fez com que atropelasse o antigo líder Ponto Frio e crescesse num ritmo superior a 30% ao ano. No ano passado, esse ritmo começou a diminuir e a companhia fechou lojas deficitárias. As conversas em torno da aquisição da Casas Bahia são o início de um fenômeno há muito aguardado por especialistas: a consolidação entre o varejo de alimentos e o varejo de não-alimentos. O primeiro grupo, liderado por Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart, está chegando aos estágios finais de uma onda de aquisições. Com a venda do Atacadão e, mais recentemente, do Gbarbosa, restaram poucos alvos que possibilitem uma maior expansão dos varejistas de alimentos. Segundo essa tese, é justamente no varejo de não-alimentos que essas redes buscarão crescimento nos próximos anos — entre os participantes do processo de venda da Casas Bahia estão varejistas de alimentos, além de grandes fundos de private equity.
Procurada, a Casas Bahia afirmou que não está à venda. Segundo seu diretor-administrativo, Michael Klein, nada impede que a companhia seja assediada, mas ele negou que a família tenha tomado a iniciativa de convidar interessados na compra do controle. Michael é filho do fundador da companhia, o empresário Samuel Klein. “Meu pai jamais venderia a empresa, isto é a vida dele”, afirmou. O consultor Marcos Gouvêa de Souza disse que faz um trabalho de natureza estratégica para os Klein, mas negou que esteja assessorando a venda da Casas Bahia

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Noé high tech



O Pólo Norte sempre foi conhecido como a morada do Papai Noel, mas esta imagem está prestes a ser mudada por outra que mais se assemelha à de uma arca de Noé. No lugar dos casais de animais que Noé colocou na arca para preservar cada espécie, de acordo com o Velho Testamento, estão algumas toneladas de sementes. Sim, sementes de todos os tipos encontradas no planeta, um dos projetos mais ambiciosos de preservação da vida vegetal já produzidos e que tem lugar no extremo norte da Noruega. Trata-se do Global Seed Vault.


Localizado no arquipélago de Svalbard, o armazém que sedia o projeto deve ficar pronto no início de 2008 e terá capacidade para abrigar três milhões de amostras e até 1,5 bilhão de sementes. E o melhor: com a mais alta tecnologia existente.De acordo com a Global Crop Diversity Trust, entidade responsável pelo projeto, a idéia da Global Seed Vault é preservar amostras do maior número possível de espécies, uma vez que, devido às mutações naturais e mudanças no clima terrestre, muitas espécies vêm desaparecendo. Os cientistas usam a China para provar sua teoria. Segundo os especialistas, os chineses cultivavam mais de dez mil espécies diferentes de trigo em 1949. Cerca de 20 anos depois, o número já havia sido reduzido a pouco mais de mil.

O depósito está sendo construído nas montanhas de Svalbard e foi planejado para receber amostras de colecionadores de todo o mundo. As sementes, no entanto, só poderão ser acessadas quando as cópias originais forem perdidas. A justificativa é que muitas destas coleções estão em países em desenvolvimento e correm o risco de se perder em caso de desastres naturais, guerras ou até mesmo falta de recursos. Ao final do projeto, mesmo que ocorressem desastres, as espécies poderiam ser reproduzidas futuramente usando as amostras do Global Seed Vault. “Nossa intenção é ser uma rede de segurança para os bancos de sementes de todo o mundo, inclusive os do Brasil”, conta a DINHEIRO RURAL, com exclusividade, o diretor executivo da Global Crop Diversity Trust e coordenador do programa, Cary Fowler. “Visamos conservar a diversidade de espécies, que podem ser extintas em caso de um desastre, como guerras, ataques nucleares e outras coisas deste tipo, destruindo também os bancos de sementes em muitos lugares, como recentemente no Afeganistão e Iraque.”
O material será armazenado em pacotes selados a vácuo, depois guardado em outras embalagens também seladas e mantido a uma temperatura de 18 graus negativos dentro do armazém. A baixa temperatura e o oxigênio restrito manterão as sementes com o metabolismo baixo e retardarão seu envelhecimento. Mesmo com a armazenagem especial, algumas sementes podem se tornar inférteis após algumas décadas. Por isso, está previsto um “replante” para colheita de novas amostras.
O arquipélago de Svalbard foi escolhido principalmente por sua localização. Próximo do Pólo Norte, o local tem clima e geologia perfeitos para este tipo de armazenamento. A área também tem baixo nível de radiação, fundamental para a manutenção do DNA das plantas.
Segundo especialistas, o Seed Vault, que custou US$ 7,7 milhões de dólares ao governo norueguês, será de extrema importância para as gerações futuras, que terão acesso a frutas e verduras que possivelmente estarão extintas nas próximas décadas. Vale lembrar que dos mais de 7 mil tipos de plantas já utilizadas na alimentação humana, existem menos de 150 espécies.

Como proteger as informações estratégicas do olhar de funcionários bisbilhoteiros – às vezes, a serviço da concorrência





Marcos Graciani e Simone Fernandes da revista AMANHÃ



Por pouco, o novo fenômeno da Fórmula 1, Lewis Hamilton, não perdeu os pontos que acumulou durante a brilhante campanha deste ano. Sua escuderia, a McLaren, foi condenada pelo Conselho Mundial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) a pagar uma multa de US$ 100 milhões por espionagem à rival Ferrari e perdeu todos os pontos conquistados no Campeonato de Construtores de 2007. Em julho, 780 páginas de informações técnicas da Ferrari foram encontradas na casa de Mike Coughlan, na época o projetista-chefe da McLaren. Elas foram repassadas por Nigel Stepney, ex-mecânico-chefe da escuderia italiana, demitido ainda em junho sob acusação de sabotagem. Os pilotos da McLaren não foram punidos porque não se descobriram indícios de uso de propriedade intelectual da Ferrari nos seus carros. Em depoimento no início de outubro, Stepney disse que também recebia informações de Coughlan. Pelo que havia sido apurado até então, não se sabia se algum dos dois funcionários havia sido subornado para repassar os projetos ou se apenas trocavam informações que deveriam ser confidenciais.
O rumoroso caso envolvendo a McLaren e a Ferrari ganhou uma repercussão singular, mas a espionagem nas empresas é muito mais comum do que parece. Só que a maioria dos casos não chega à polícia, nem às páginas dos jornais. E, quando chega, descobre-se uma característica comum a grande parte dos casos: a participação de funcionários da empresa espionada. Para quem está interessado em bisbilhotar o concorrente é mais vantajoso buscar a ajuda de alguém que já conhece o funcionamento e as rotinas da organização. “Para entrar no sistema de uma empresa, por exemplo, sai muito mais caro contratar um hacker. Mais fácil é comprar as senhas de um funcionário”, ilustra o detetive Edilmar Lima, fundador da Central Única Federal dos Detetives do Brasil, em Brasília, que trabalha com contra-espionagem.
Para Walter Félix Cardoso Júnior, doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares pela Escola do Exército e professor da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), a primeira atitude que a empresa deve tomar para se proteger da espionagem é tornar mais crítico o processo de seleção. Checar, por exemplo, se o que a pessoa disse na entrevista é verdadeiro. “Quanto mais rigoroso o processo, maior conhecimento a empresa terá sobre quem está contratando”, diz. No entanto, são raríssimas as empresas ou organizações brasileiras que adotam procedimentos rigorosos na hora de contratar um funcionário. Somente as Forças Armadas, em alguns casos, além da Presidência da República e a área de inteligência do governo. No setor privado, os especialistas citam apenas a Embraer. “Depois de botar alguém pouco conhecido para dentro da empresa, o risco de ter uma surpresa é muito alto”, afirma Cardoso.
Quando providências mais rígidas não foram adotadas no início do processo, é preciso agir logo que surgem os primeiros indícios de vazamento de informações. Nesses casos, algumas empresas recorrem aos serviços de contra-espionagem – geralmente feitos por detetives. Uma das primeiras ações é fazer um check-up dos funcionários. Verificar, por exemplo, onde já trabalharam, se vieram de algum concorrente ou se mantêm relacionamento com pessoas suspeitas. Caso seja necessário investigar melhor algum deles, o procedimento mais comum é a infiltração de um falso funcionário na empresa. Essa fase pode demorar alguns meses, até que o infiltrado consiga se aproximar das pessoas e obter as evidências a respeito do suspeito.
Porém a maior parte dos casos de espionagem não é descoberta porque as empresas não têm idéia de que estão sendo espionadas. Para o detetive Wilson Teixeira, de Belo Horizonte (MG), as companhias não deveriam contratar um serviço de contra-espionagem apenas quando estão desconfiadas. “As empresas não se previnem. Somente se dão conta quando aparecem os prejuízos. E aí, quase sempre, é tarde demais”, ressalta.

O que é preciso proteger:
Cada empresa deve analisar profundamente quais são as informações estratégicas que ela precisa proteger e estabelecer nveis de segurança.Mas alguns tipos de dados deveriam ser protegidos em qualquer empresa:
Pesquisa e desenvolvimento – principalmente nos casos dos laboratórios farmacêuticos, fabricantes de bebidas e alimentos, setores que estão na lista dos mais espionados
Estratégias de marketing
Planilhas de custos
Quem são os clientes e os contratos estabelecidos com eles
Informações pessoais de clientes e dos funcionários. No caso das informações sobre os clientes, os escritórios de advocacia estão entre os mais espionados. É que, além de ouvir confissões das pessoas que cometeram crimes, os advogados também participam de processos sigilosos das empresas, como fusões e aquisições, operações de abertura de capital ou participação em licitações

Vazamento involuntário: embora existam muitos casos de espionagem planejada por funcionários, os especialistas ressaltam que a maior parte dos vazamentos de informação nas empresas acontece de forma não-desejada. O funcionário não tem a intenção de entregar para um estranho as informações sigilosas, mas acaba falando sem perceber ou cometendo inconfidências ao fazer comentários em público. “Cerca de 85% das informações estratégicas são vazadas involuntariamente. E principalmente por diretores, presidentes e pessoal da área de pesquisa”, garante Antonio Brasiliano, diretor executivo da Brasiliano & Associados Gestão de Riscos Corporativos. Segundo ele, a espionagem de hoje é bem diferente daquela da época da Guerra Fria. “O espião não precisa mais entrar fisicamente na empresa para roubar a chave do cofre. Ele usa outras técnicas”, revela o consultor, que defendeu dissertação de mestrado justamente sobre a fuga involuntária de informações. Ele cita as técnicas de indução e de infiltração. Na indução, o espião conversa com a pessoa até extrair alguma informação dela, o que pode demorar algumas semanas. Ele pode conhecê-la num happy hour ou no avião e tentar manter o contato. Na técnica de infiltração, ele cola em alguém para saber aonde a pessoa vai e o que faz, além de ouvir as conversas dela.
Os especialistas são unânimes em apontar os aviões e os aeroportos como o paraíso dos espiões. “É só ficar na sala vip e observar o que acontece”, indica Brasiliano. Os executivos falam sobre os negócios no celular e respondem e-mails de trabalho em público, sem nenhuma cerimônia. Eles também participam de reuniões e depois falam pelo celular sobre o que foi negociado dentro dos táxis, no elevador. “Colocar chave, crachá, firewall é fácil. Difícil é convencer as pessoas a mudar de comportamento. E o engraçado é que, quanto mais proteção física a empresa instala, mais as pessoas se sentem relaxadas e descuidam das próprias atitudes”, avalia Brasiliano. O diretor de negócios da Plugar Informações Estratégicas, Fábio Rios, conta que foi contratado há alguns anos por uma grande empresa brasileira para um serviço na área de portais corporativos. No avião, Rios se sentou ao lado do diretor jurídico da empresa – que não o conhecia e nem sabia que ele havia sido contratado para aquele trabalho. Sem se importar com sua presença, o diretor começou a ler os e-mails e respondeu até uma mensagem do presidente da companhia. “Não falei nada e não fiquei olhando. Mas e se eu fosse um concorrente?”, questiona.
Na multinacional ADP, que fornece soluções para folhas de pagamento e recursos humanos, o esforço para conscientizar os funcionários é constante. “Todo mundo diz que a pessoa é o elo mais fraco. Nós trabalhamos para que nossos profissionais sejam a melhor proteção. Queremos que sejam firewalls humanos” diz Jarbas Cruz, gerente de segurança da informação da ADP. Para isso, a empresa tem um programa de conscientização permanente. Quando é contratado, o funcionário recebe um treinamento. Depois, há boletins mensais, campanhas a cada seis meses e um seminário anual. “É uma tarefa interminável. É educação de longo prazo”, afirma.
Proteção eletrônicaUma das principais frentes de preocupação é o acesso a dados eletrônicos. É comum que as empresas não mantenham registros sobre quem mexe nos arquivos ou quando eles foram abertos. Mais que isso, elas permitem que qualquer funcionário tenha acesso até mesmo a arquivos que deveriam ser restritos. O especialista em gestão de risco Sérgio Citeroni, sócio da área de auditoria da Ernst & Young, ressalta que o correto é cada funcionário ter trânsito livre apenas para as informações que lhe dizem respeito – e a empresa deve monitorar quem acessa o que e os motivos que levaram algum funcionário a tentar acessar informações sigilosas. “Por que todo mundo vai ver a folha de pagamentos?”, questiona. Citeroni conta que há casos em que até ex-funcionários conseguem obter informações simplesmente porque não cancelaram seu acesso.
No escritório Koury Lopes Advogados existe um controle rígido sobre cada documento, desde quando é criado. Se ele for confidencial, fica visível apenas para as pessoas que precisam acessá-lo. Se outro funcionário faz uma pesquisa sobre o assunto, não o enxerga. Além disso, tudo que o acontece com o documento fica registrado: quando e por quem é editado, se é enviado por e-mail, copiado ou impresso. A porta USB dos computadores é bloqueada e se algum profissional sai de sua mesa e deixa a máquina conectada à rede, depois de cinco minutos, ela trava automaticamente. Mas os especialistas advertem: controlar o acesso a dados e documentos é diferente de monitorar a correspondência eletrônica do funcionário. As empresas que querem acompanhar como os empregados usam o e-mail devem avisá-los antes, sob pena de ter problemas na Justiça.
Já na ADP, toda informação sobre os clientes é considerada confidencial, o lixo é destruído e os documentos devem ficar guardados sempre em gavetas. “De que adianta um firewall no computador se os documentos ficam à vista em cima da mesa?”, justifica Cruz. Os cuidados são tantos que nenhum arquivo confidencial é enviado para os clientes por e-mail, mas por um sistema alternativo. E para mandar um fax, antes é enviada uma página de teste e confirmado por telefone se a pessoa que deve receber o documento está no outro lado da linha. Só então, é enviado o fax.
Hoje, adverte Cruz, a maior ameaça à segurança das empresas é o que vem sendo chamado de “ataque de engenharia social”, que pode ser real ou virtual. É quando alguém finge ser quem não é. É o caso dos e-mails que se identificam como provenientes do Serasa, da Receita Federal ou de um banco. “Usar a internet hoje em dia é mais arriscado que entrar desarmado na favela do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro”, exagera Paulo Luz, consultor em segurança pública e privada da Ability BR. Segundo ele, um hacker pode invadir os sistemas de uma empresa e não somente captar as informações, mas, também, destruí-las. Portanto, é fundamental ter um setor de informática competente e sistemas de proteção sempre atualizados.
Jérome Stoll, presidente da Renault do Brasil: segredo absoluto sobre o novo carro
O ataque de engenharia social pode ser feito também pelo telefone, quando uma pessoa se faz passar por outra. Nesses casos, o funcionário que atende ao telefone só deveria dar informações sobre o chefe ou até mesmo transferir a ligação após a pessoa que está na linha ter se identificado devidamente. “Essas coisas todas não têm a ver com tecnologia. A proteção vai muito além dos recursos tecnológicos”, avalia, convicto de que o fundamental é que as pessoas tomem atitudes corretas. De qualquer modo, diz ele, não há como blindar a empresa contra a espionagem. “Não existe um sistema 100% seguro, mas, se as pessoas estiverem treinadas, a proteção será bem maior”, diz.
O “engenheiro social” usa as técnicas de indução. Por exemplo, ele faz um favor para uma pessoa, que depois se sente na obrigação de retribuir. O hacker Kevin Mitnick, autor do livro A Arte de Enganar, conta que tinha facilidade para conseguir informações não tanto pelas suas habilidades computacionais, mas por sua capacidade de convencer os outros de que ele era outra pessoa. Outra história parecida é a do impostor e falsificador de cheques Frank Abagnale Jr., mostrada no filme Prenda-Me Se For Capaz. Hoje, Abagnale tem uma empresa de consultoria contra fraudes financeiras.
Para aumentar os níveis de segurança, algumas empresas acompanham o comportamento dos seus principais executivos. “Ninguém gosta de ser monitorado, mas a empresa não tem outra opção”, defende Paulo Luz, da Ability BR. A companhia precisa saber se as pessoas que cuidam das suas informações estratégicas não se comportam de forma arriscada, o que inclui o uso de drogas, bebidas ou companhias desconhecidas. “Digamos que um executivo vai a uma festa, bebe demais e termina a noite com uma mulher linda. Quem garante que ela não estava lá de propósito, com o objetivo de arrancar informações dele?”, questiona Luz.
O perigo que vem de foraEmbora geralmente os casos de espionagem envolvam a participação de funcionários, existem casos em que o espião encontra outros caminhos para obter as informações que deseja sobre os concorrentes. No começo deste ano, uma indústria do ramo de caixas d’água, com sede em Foz do Iguaçu (PR), estava querendo comprar uma concorrente, também do oeste do Paraná. Antes de fechar o negócio, porém, contratou a agência de contra-espionagem do detetive Lima para fazer uma “revisão” na então concorrente. Em 15 dias, ele descobriu que o telefone daquela empresa havia sido grampeado por uma terceira concorrente de pequeno porte, localizada no interior do Rio Grande do Sul. Nas encomendas maiores, a fabricante gaúcha entregava antes a mercadoria ao cliente da empresa paranaense grampeada – com notas falsas, claro. E, obviamente, também recebia em nome da outra. “O plano era tão bem feito que provavelmente jamais seria descoberto se não fosse a investigação”, afirma Lima. Depois de quatro meses, já livres do grampo, as duas fabricantes paranaenses se fundiram. “Por isso, é importante fazer periodicamente uma varredura ambiental e telefônica na empresa”, diz o detetive.
Em relação a procedimentos para manter as informações sigilosas longe da concorrência, a indústria automobilística pode servir como referência para outros segmentos. As montadoras desenvolveram um rol de processos que eliminam possíveis brechas por onde a informação possa escapar. A General Motors, por exemplo, segue um rigoroso plano de segurança que vai mudando conforme a fase em que se encontra o projeto de um novo modelo de automóvel. O maior nível de blindagem está justamente no começo do processo, na fase de criação. Nessa fase, as informações principais ficam restritas a pouquíssimas pessoas como os projetistas e alguns postos de chefia. “Temos cuidado dentro da fábrica com arquivos, com a segurança da informática e com as plantas dos projetos”, conta Samuel Russell, diretor de marketing da GM – sem entrar em muitos detalhes, claro. A montadora também fica de olho em quem visita as fábricas. Há câmeras nos portões de acesso e o visitante passa por uma rigorosa revista. Como é natural, em determinadas áreas não é permitido o uso de câmeras fotográficas. Em outros setores, nenhum convidado entra se não estiver acompanhado de um funcionário autorizado.
Quando o novo automóvel já está na linha de montagem, o nível de blindagem naturalmente tende a ser menor porque nessa fase há um grande número de profissionais envolvidos, entre funcionários da fábrica e fornecedores de peças. É quando a GM conta com a confiança dos montadores, que recebem um intenso treinamento sobre a importância de não tratar de assuntos internos em público.
Na área automotiva, um caso recente de sucesso na proteção de informações é a Renault, que conseguiu guardar a sete chaves seus movimentos para lançar um novo modelo de carro. No início de setembro, a empresa reuniu um grupo de jornalistas em São Paulo, para um encontro com Jérôme Stoll, presidente da empresa no Brasil, e para uma videoconferência com o CEO mundial, Carlos Ghosn. Para surpresa de todos – inclusive da imprensa especializada –, Ghosn e Stoll mostraram o Sandero, o novo modelo de automóvel que a Renault estava lançando no mercado brasileiro.
Vergonha. Este é o principal motivo que impede as empresas de levar os casos de espionagem aos tribunais. “As companhias se abstêm de buscar indenizações para não demonstrar que têm fraquezas”, resume o advogado Ivo Gico Júnior, especialista em direito econômico, industrial e regulatório. Na hipótese de levar o caso à Justiça, quando a sentença for publicada, pode ganhar notoriedade um fato capaz de manchar o nome da companhia no mercado. Nos Estados Unidos e na Europa é mais comum que casos envolvendo espionagem se tornem públicos, pois as empresas procuram reparar os danos morais e econômicos pela via judicial. Para os norte-americanos, tecnologia é vista como o diferencial de tudo – e, portanto, mais do que digna de proteção.
Nas estimativas de Gico Júnior, o valor das indenizações por espionagem industrial nos Estados Unidos é de 20 a 30 vezes maior do que no Brasil, que ainda não aprovou nenhuma lei específica para punir os atos de espionagem. Existe apenas a Lei nº 9.279, de 1996, que trata de propriedade industrial e penaliza o crime de concorrência desleal (como a que se beneficia de pirataria e sonegação). A penalidade, no entanto, é considerada muito branda. O delito pode render de três meses a um ano de prisão, ou multa.
Já quando o culpado pela espionagem é um funcionário, as empresas adotam outra postura. Depois de dispensar o espião por justa causa, a companhia ainda recorre à Justiça para que o empregado pague os possíveis prejuízos. Para o empresário brasileiro, é menos danoso à imagem da empresa colocar o funcionário no banco dos réus. Porém a companhia tem de tomar cuidados na hora de provar a culpa. Em hipótese de suspeita de espionagem, o ideal é validar cada prática com o departamento jurídico ou buscar apoio de um especialista. Para acompanhar o comportamento dos funcionários, é preciso adverti-los formalmente de que a empresa utiliza essa prática. Afinal de contas, bisbilhotar a privacidade alheia de forma clandestina é ilegal e pode gerar processos criminais e indenizatórios dos funcionários contra a empresa.
Nada se cria, tudo se copia. A preocupação em evitar a espionagem e guardar segredo sobre um novo produto é fundamental também no setor de eletroeletrônicos, um dos que mais sofrem com a pirataria. “Hoje, você lança um produto e com uma velocidade incrível ele já está sendo imitado”, diz Flavio Dutra, diretor executivo das Coordenadorias da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam). Além da facilidade de se copiar os produtos por meio da engenharia reversa, o setor é vulnerável à espionagem. Recentemente, uma empresa da Zona Franca grampeou a concorrente para conhecer a planilha de custos dos produtos. Para Dutra, não há como evitar a espionagem e menos ainda a pirataria. A solução, nesses casos, é a empresa investir constantemente em inovação. “Ao lançar um novo produto, já é preciso estar pesquisando as próximas novidades”, aponta. Outro aspecto importante para reduzir as conseqüências da espionagem e da pirataria de produtos é o registro da patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), órgão responsável pelo registro de novos produtos e processos. Com a patente, a empresa pode obter na Justiça o ressarcimento pelo uso indevido da propriedade intelectual nos casos de pirataria ou cópia.
Diante de tantos riscos de espionagem, os especialistas advertem que as empresas precisam encontrar a maneira correta de tratar do assunto. Ou seja, precisam implantar práticas de gestão que minimizem os riscos de que um “Judas” deixe vazar informações. De outro lado, não devem criar uma estrutura engessada que termine por reduzir a produtividade, a criatividade e a iniciativa dos funcionários. “É preciso achar o equilíbrio entre ser paranóico e simplesmente não tratar do assunto”, resume Jarbas Cruz, da ADP. Encontrar esse meio termo é o desafio da maioria das empresas brasileiras.