domingo, 30 de março de 2008

O pequeno VB se prepara para enfrentar o avanço dos concorrentes no mercado de vale-transporte

EMPRESAS FAMILIARES são um problema para as grandes companhias de benefício. Primeiro foi o Grupo VR, que durante três décadas brigou com a francesa Ticket pela liderança do mercado de valesrefeição e alimentação. Com faturamento anual de R$ 4 bilhões, a empresa da família Szajman foi comprada por outra francesa em setembro de 2007 – a Sodexo pagou R$ 1 bilhão para tirar a VR desta disputa, que também tem a Visa Vale como concorrente. Se esse calo parece curado, no setor de transportes a ferida está bem aberta e atende pelo sobrenome Martins. Em um mercado que movimenta R$ 8 bilhões ao ano, a maior fatia fica com os emissores de bilhetes de ônibus e metrô. São R$ 5 bilhões divididos pelas empresas municipais e estaduais, únicas autorizadas a imprimir os passes do serviço público. Os outros R$ 3 bilhões são disputados pelas distribuidoras de valetransporte. Ticket, Sodexo e Visa Vale brigam por esta fatia. Metade dela, porém, fica nas mãos da família paulistana Martins, proprietária do Grupo VB, que há 11 anos se estabeleceu neste nicho.
“Como os concorrentes, somos prestadores de serviço neste mercado”, afirma o presidente, André Martins.
O pequeno VB sabe que não vai ser fácil continuar na frente, nesta terra ameaçada por gigantes. Por isso, investiu R$ 8 milhões na modernização de seus sistemas de comunicação, para agilizar o atendimento aos 31 mil clientes e atender 1,5 milhão de trabalhadores. É como se o VB fornecesse, mensalmente, bilhetes para toda a população de uma cidade como Campinas. E, detalhe, com nenhum desses clientes o VB tem contrato. Todos os pedidos são prépagos e o índice de recompra é de 99%.
Até o ano passado, a Visa Vale não olhava para os vales-transporte como uma oportunidade de negócio. Para alguns dos seus clientes, chegava a indicar o VB como fornecedor. Em fevereiro, no entanto, a empresa, comandada por Newton Neiva, colocou seus pés nos coletivos – adquiriu a SmartBenefícios, que possui 4,5 mil clientes e faturou R$ 188 milhões em 2007.
É um primeiro passo nesta luta por um pedaço do bolo dominado pelo VB. “Esse mercado tende a se concentrar e essas grandes empresas vão perseguir a liderança”, pontua o consultor Boanerges Ramos Freire.
Por MÁRCIO KROEHN da istoe.com.br

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