Suboficial R1 John P. Hearn, USAF
Os Supervisores, na Força Aérea, costumam recompensar seus subordinados por desempenho extraordinário. As condecorações que eles conferem representam expressões tangíveis de gratidão. Muitas vezes, contudo, os supervisores sequer chegam a perceber o efeito que fazem nos subordinados.
O melhor elogio que já recebi foi de um dos meus antigos subordinados. Quando estava sob minha chefia, ele era um soldado de primeira classe. É, atualmente, um senior master sergeant. Certa vez ele me disse que, não fosse por minha causa, teria pedido baixa da Força Aérea. Não salvei sua vida em um ato glorioso; ao contrário, travei com ele diversas conversas interessantes a respeito de suas atitudes e de seus métodos de comunicar-se com militares de diferentes níveis hierárquicos da Força Aérea. Na qualidade de sargento da seção de investigação e justiça, ele freqüentemente tinha oportunidade de brilhar quando em contato com outras pessoas na base. Como servimos juntos em uma missão temporária na Coréia, só tive alguns meses para interagir com ele, antes que ele fosse designado para outra função. Anos mais tarde, ele me disse como influenciei sua vida—disse-me que meu exemplo o havia inspirado. Que coisa maravilhosa! Em essência, tive êxito em uma das funções que a Força Aérea me remunera para exercer porque parte do trabalho de um líder envolve preparar os subordinados para serem futuros líderes.
Às vezes, as ações de uma pessoa influenciam a missão da Força Aérea muito além do que é exigido pelas atribuições da função que ela exerce. Por exemplo, no final da primavera de 1957, no primeiro dia de orientação a candidatos à admissão à Academia da Força Aérea dos EUA, um jovem subiu em uma balança de uma clínica ali localizada. O enfermeiro auxiliar—um soldado de primeira classe que havia atendido a milhares de candidatos—deslizou lentamente o contrapeso ao longo da escala graduada, até o ponto em que ela se equilibrou: “cento e quinze libras, Major”, disse ele. O médico anotou a informação em uma folha do prontuário do candidato e comentou: “você não vai conseguir, garoto. O peso mínimo exigido para admissão à academia é de 120 libras. Você vai ter que chegar a isso quando se pesar novamente no final da semana”. Arrasado com esta informação, o jovem pensou em seu pai, que se havia engajado no Exército e servido durante toda a Segunda Guerra Mundial, obtendo a patente de oficial e, finalmente, passando para a reserva como coronel. Seu pai tinha, para ele, altas expectativas e havia se esforçado muito para conseguir a indicação para a academia. Como poderia ele dizer-lhe que fracassara em alcançar os padrões de admissão?
Percebendo o desespero no olhar do jovem, o enfermeiro auxiliar lhe disse que esperasse fora do consultório. Quando o médico fez uma pausa, ele foi ver o jovem e disse-lhe: “Ouça-me. Depois do almoço, procure o sargento do rancho. Diga-lhe que eu o mandei procurá-lo e conte seu problema; ele vai cuidar de você.”
Nas instalações do refeitório da Academia, o sargento do rancho—gordo, com a barba por fazer e com dificuldade de expressar-se—ouviu pacientemente a queixa do candidato e disse: “ok, garoto, basta você comer o que eu puser no seu prato.” Durante a semana, o sargento fez questão de encher o prato do jovem de massas, comidas gordurosas, bananas e carboidratos—alimentos que, na Força Aérea de hoje, fariam um nutricionista ter um enfarte. Embora o candidato se empanturrasse a cada refeição, as atividades físicas intensas acumuladas no programa de orientação impediam-no de ganhar peso. No final da semana, o jovem deitou-se na cama pensando no futuro, preocupado com o exame físico do dia seguinte.
Pouco antes do almoço, o candidato entrou no consultório para ser pesado. Mais cedo, ele se havia pesado, vendo, com alegria, que estava acima de 120 libras. Agora, contudo, no consultório, ele ouviu o enfermeiro auxiliar anunciar: “Cento e dezoito libras, Major”. O médico fez o apontamento final na folha do prontuário do candidato e olhou para ele: “veja, garoto, eu lhe disse que você não conseguiria.” Então, jogou o prontuário na pilha de recusados. Angustiado, o jovem explicou: “Tive de fazer meus últimos exercícios físicos e uma corrida esta manhã. Perdi peso por isso.” O enfermeiro auxiliar foi atrás dele até o corredor e lhe deu uma moeda de 25 centavos: “Desça e compre uma caixa de leite chocolatado”. Sem entender nada, o candidato lhe perguntou: “Por que você quer uma caixa de leite agora?”
“Não é para mim, é para você.”
“Não seja ridículo. Não estou com sede.”
O enfermeiro auxiliar olhou para o candidato como um pai corrigindo um menino levado: “Ouça, moço, uma caixa de leite chocolatado tem um quarto de galão e pesa mais de duas libras.” Depois que o jovem voltou com o leite, o enfermeiro auxiliar o observou tomando o leite todo e, então, aproximou-se do médico:
“Major, o senhor me faria o favor de pesar de novo esse último candidato?”
“Já o marquei como reprovado. Ele não alcançou o peso.”
O enfermeiro auxiliar, porém, insistiu, e o médico atendeu seu pedido. Quando o candidato subiu na balança mais uma vez, o enfermeiro deslizou o contrapeso pela escala graduada até o ponto de equilíbrio.
“Cento e vinte libras, Major.”
“Você tem muita sorte, jovem. Passou raspando.”
Dito isto, o médico fez um novo apontamento no prontuário e colocou o arquivo do candidato na caixa intitulada “ACEITOS”.
O candidato foi o 12º aluno de sua turma, ao graduar-se, em 1961, e durante 33 anos de uma carreira brilhante ele voou aeronaves F-4 Phantom II sobre as densas florestas do sudeste da Ásia, em apoio aos soldados de infantaria, bem abaixo. Voltando aos Estados Unidos, exerceu uma pluralidade de funções no transcorrer dos anos seguintes, inclusive cargos de grande importância no Pentágono. Além de caças, ele também voou aeronaves de treinamento, de transporte C-141 e, subseqüentemente, bombardeiros B-52. Tornou-se comandante de ala e foi promovido a general. Durante uma inspeção inesquecível em uma base situada no norte dos EUA, como general comandante das equipes do inspetor-geral do Strategic Air Command (SAC), desembarcou de sua aeronave e, como de costume, solicitou uma viatura. O comandante da ala lhe apresentou uma agenda para a visita, mas o general tinha sua própria agenda. Sem o séquito habitual, dirigiu ao longo dos aviões enfileirados e parou junto a uma aeronave em que um soldado estava trabalhando. Saindo do carro sob o vento congelante, o general perguntou ao soldado como ele podia fazer a manutenção da aeronave usando grossas luvas árticas. “Não é lá muito fácil, General, mas está tão frio aqui fora que se eu tocar no metal de mãos nuas minha pele grudará nele, congelada.” O general, então, comunicou ao seu grupo de inspeção que voltasse a com ele se reunir em sua aeronave; em vez desta, eles iriam inspecionar outra base mais ao sul. O comandante da ala disse que ele não podia fazer isto. Sorrindo, o general disse-lhe: “Coronel, não é seguro trabalhar em uma aeronave aqui. Voltarei em outra época, quando as condições atmosféricas forem mais adequadas. Entrementes, se discordar de minha decisão, ligue para o General Davis, no Quartel-General do SAC e diga-lhe.” Com isto, o grupo de inspeção partiu.
Durante o período em que o general esteve no Pentágono, alguns membros das forças armadas da Alemanha Oriental, durante uma inspeção em uma localidade na área do Pacto de Varsóvia, mataram um major do Exército [dos EUA]. O general foi incumbido da tarefa de redigir uma diretriz estabelecendo procedimentos minuciosos para notificar as forças do Pacto de Varsóvia quanto a todas as necessidades futuras de inspeção. Esses procedimentos também se aplicavam às forças do bloco soviético quando eles levassem a efeito inspeções em instalações na área da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Essas diretrizes escritas pelo general foram aprovadas e assinadas, em uma cerimônia formal, pelo presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior e por seu homólogo soviético.
Um dos melhores momentos da carreira do general ocorreu quando ele se tornou comandante combatente do SAC—na verdade, seu último comandante. Ele também organizou a estruturação do US Strategic Command após o colapso da União Soviética e a desativação do SAC, do Military Airlift Command e do Tactical Air Command. Enquanto esteve na Base Aérea Offutt, Nebraska, ele trabalhou de maneira incansável para aprimorar as condições de vida do pessoal que residia na base e fora dela e para aperfeiçoar o Centro de Educação Física de Offutt. Em poucas palavras, ele foi um líder que cuidou de pessoas que cuidavam da missão. Relatei apenas algumas de suas realizações em uma carreira muito produtiva que durou mais de três décadas. Esta narrativa, porém, não se refere apenas a alguns dos êxitos do Gen George L. Butler, o candidato à Academia que se tornou general. Também enfatiza o efeito que uma pessoa pode ter em outra, bem como os benefícios decorrentes dessa influência.
O general seria o primeiro a dizer que, não fosse pela preocupação e consideração que lhe demonstraram dois militares no remoto ano de 1957, ele jamais teria tido a oportunidade ou a autoridade para ajudar todo o quadro de praças e graduados. Seus êxitos não beneficiaram apenas os militares da Força Aérea, mas, também, afetaram favoravelmente nossas Forças co-irmãs e aliados da OTAN. Talvez o jovem enfermeiro auxiliar e o sargento do rancho jamais tenham compreendido a importância da contribuição que fizeram à defesa de nossa nação. Eles jamais receberão uma medalha ou uma placa em reconhecimento ao que fizeram pela Força Aérea. Se o candidato a quem eles ajudaram salvou, mais tarde, uma vida no Vietnã, eles também participaram da salvação dessa vida. Se as diretrizes e procedimentos que o candidato acabou preparando para lidar com um adversário que detinha armas nucleares impediu mal-entendidos e, possivelmente, um incidente nuclear, então eles também ajudaram a tornar o mundo um lugar mais seguro. Se o futuro general disponibilizou alojamentos nas bases para praças e graduados no intuito de aliviar a carga econômica de quem cria família, então eles merecem um pouco da gratidão do pessoal beneficiado.
Todos sabemos que combinar hidrogênio com oxigênio produz água, mas nem todos sabem que, para isso, é preciso um catalisador para unir esses elementos. Nesta estória, muitas pessoas talvez tenham conhecimento do General Butler e de suas realizações, do resultado de suas ações e do modo pelo qual algumas pessoas foram por elas beneficiadas. Contudo, pouquíssimas sabem que nenhuma das realizações do general jamais poderia ter ocorrido sem os esforços de dois militares que, agindo como catalisadores, se deram ao trabalho de ajudar alguém. O general tentou, ao longo de toda sua carreira, encontrar esses dois homens que se importaram com ele, para agradecer-lhes, mas não conseguiu. Espero que agora os leitores deste periódico possam tributar-lhes a devida apreciação, bem como a um número incontável de outros que silenciosamente fazem diferença em nossas vidas. Será que você pode fazer diferença? Provavelmente mais do que você jamais poderá saber.
Colaborador
O Suboficial R1 John P. Hearn (Bacharelado, University of Maryland University College; Bacharelado, Magna Cum Laude, University of Maryland University College, Naval Air Station Keflavik, Islândia; Associates Degree em Instrução de Tecnologia e Ciência Militar, Community College of the Air Force, Maxwell AFB, Alabama) exerceu a função de superintendente do 96º Esquadrão das Forças de Segurança (Air Force Materiel Command), na Base Aérea Eglin, Flórida, antes de passar para a reserva em 1º de abril de 2007. Foi Chefe das Forças de Segurança, 332º Esquadrão das Forças de Segurança Expedicionárias, Base Aérea de Balad, Iraque. Exerceu, também, as seguintes funções: Chefe de Inspeção das Forças de Segurança do Comando, Gabinete do Inspetor-Geral, QG do Comando de Material, Base Aérea Wright-Patterson, Ohio; Instrutor e Chefe de Divisão, Escola de Graduados de Nível Hierárquico Superior, Escola de Pós-Formação de Graduados, Base Aérea Maxwell/Anexo Gunter, e Primeiro-Sargento, 7º Esquadrão de Polícia da Aeronáutica (Provisório), Força-Tarefa Combinada, Guantânamo, Baía de Guantânamo, Cuba. O Suboficial Hearn concluiu o curso da Escola de Graduados de Nível Hierárquico Superior, Base Aérea Maxwell/Anexo Gunter, Alabama.
Os Supervisores, na Força Aérea, costumam recompensar seus subordinados por desempenho extraordinário. As condecorações que eles conferem representam expressões tangíveis de gratidão. Muitas vezes, contudo, os supervisores sequer chegam a perceber o efeito que fazem nos subordinados.
O melhor elogio que já recebi foi de um dos meus antigos subordinados. Quando estava sob minha chefia, ele era um soldado de primeira classe. É, atualmente, um senior master sergeant. Certa vez ele me disse que, não fosse por minha causa, teria pedido baixa da Força Aérea. Não salvei sua vida em um ato glorioso; ao contrário, travei com ele diversas conversas interessantes a respeito de suas atitudes e de seus métodos de comunicar-se com militares de diferentes níveis hierárquicos da Força Aérea. Na qualidade de sargento da seção de investigação e justiça, ele freqüentemente tinha oportunidade de brilhar quando em contato com outras pessoas na base. Como servimos juntos em uma missão temporária na Coréia, só tive alguns meses para interagir com ele, antes que ele fosse designado para outra função. Anos mais tarde, ele me disse como influenciei sua vida—disse-me que meu exemplo o havia inspirado. Que coisa maravilhosa! Em essência, tive êxito em uma das funções que a Força Aérea me remunera para exercer porque parte do trabalho de um líder envolve preparar os subordinados para serem futuros líderes.
Às vezes, as ações de uma pessoa influenciam a missão da Força Aérea muito além do que é exigido pelas atribuições da função que ela exerce. Por exemplo, no final da primavera de 1957, no primeiro dia de orientação a candidatos à admissão à Academia da Força Aérea dos EUA, um jovem subiu em uma balança de uma clínica ali localizada. O enfermeiro auxiliar—um soldado de primeira classe que havia atendido a milhares de candidatos—deslizou lentamente o contrapeso ao longo da escala graduada, até o ponto em que ela se equilibrou: “cento e quinze libras, Major”, disse ele. O médico anotou a informação em uma folha do prontuário do candidato e comentou: “você não vai conseguir, garoto. O peso mínimo exigido para admissão à academia é de 120 libras. Você vai ter que chegar a isso quando se pesar novamente no final da semana”. Arrasado com esta informação, o jovem pensou em seu pai, que se havia engajado no Exército e servido durante toda a Segunda Guerra Mundial, obtendo a patente de oficial e, finalmente, passando para a reserva como coronel. Seu pai tinha, para ele, altas expectativas e havia se esforçado muito para conseguir a indicação para a academia. Como poderia ele dizer-lhe que fracassara em alcançar os padrões de admissão?
Percebendo o desespero no olhar do jovem, o enfermeiro auxiliar lhe disse que esperasse fora do consultório. Quando o médico fez uma pausa, ele foi ver o jovem e disse-lhe: “Ouça-me. Depois do almoço, procure o sargento do rancho. Diga-lhe que eu o mandei procurá-lo e conte seu problema; ele vai cuidar de você.”
Nas instalações do refeitório da Academia, o sargento do rancho—gordo, com a barba por fazer e com dificuldade de expressar-se—ouviu pacientemente a queixa do candidato e disse: “ok, garoto, basta você comer o que eu puser no seu prato.” Durante a semana, o sargento fez questão de encher o prato do jovem de massas, comidas gordurosas, bananas e carboidratos—alimentos que, na Força Aérea de hoje, fariam um nutricionista ter um enfarte. Embora o candidato se empanturrasse a cada refeição, as atividades físicas intensas acumuladas no programa de orientação impediam-no de ganhar peso. No final da semana, o jovem deitou-se na cama pensando no futuro, preocupado com o exame físico do dia seguinte.
Pouco antes do almoço, o candidato entrou no consultório para ser pesado. Mais cedo, ele se havia pesado, vendo, com alegria, que estava acima de 120 libras. Agora, contudo, no consultório, ele ouviu o enfermeiro auxiliar anunciar: “Cento e dezoito libras, Major”. O médico fez o apontamento final na folha do prontuário do candidato e olhou para ele: “veja, garoto, eu lhe disse que você não conseguiria.” Então, jogou o prontuário na pilha de recusados. Angustiado, o jovem explicou: “Tive de fazer meus últimos exercícios físicos e uma corrida esta manhã. Perdi peso por isso.” O enfermeiro auxiliar foi atrás dele até o corredor e lhe deu uma moeda de 25 centavos: “Desça e compre uma caixa de leite chocolatado”. Sem entender nada, o candidato lhe perguntou: “Por que você quer uma caixa de leite agora?”
“Não é para mim, é para você.”
“Não seja ridículo. Não estou com sede.”
O enfermeiro auxiliar olhou para o candidato como um pai corrigindo um menino levado: “Ouça, moço, uma caixa de leite chocolatado tem um quarto de galão e pesa mais de duas libras.” Depois que o jovem voltou com o leite, o enfermeiro auxiliar o observou tomando o leite todo e, então, aproximou-se do médico:
“Major, o senhor me faria o favor de pesar de novo esse último candidato?”
“Já o marquei como reprovado. Ele não alcançou o peso.”
O enfermeiro auxiliar, porém, insistiu, e o médico atendeu seu pedido. Quando o candidato subiu na balança mais uma vez, o enfermeiro deslizou o contrapeso pela escala graduada até o ponto de equilíbrio.
“Cento e vinte libras, Major.”
“Você tem muita sorte, jovem. Passou raspando.”
Dito isto, o médico fez um novo apontamento no prontuário e colocou o arquivo do candidato na caixa intitulada “ACEITOS”.
O candidato foi o 12º aluno de sua turma, ao graduar-se, em 1961, e durante 33 anos de uma carreira brilhante ele voou aeronaves F-4 Phantom II sobre as densas florestas do sudeste da Ásia, em apoio aos soldados de infantaria, bem abaixo. Voltando aos Estados Unidos, exerceu uma pluralidade de funções no transcorrer dos anos seguintes, inclusive cargos de grande importância no Pentágono. Além de caças, ele também voou aeronaves de treinamento, de transporte C-141 e, subseqüentemente, bombardeiros B-52. Tornou-se comandante de ala e foi promovido a general. Durante uma inspeção inesquecível em uma base situada no norte dos EUA, como general comandante das equipes do inspetor-geral do Strategic Air Command (SAC), desembarcou de sua aeronave e, como de costume, solicitou uma viatura. O comandante da ala lhe apresentou uma agenda para a visita, mas o general tinha sua própria agenda. Sem o séquito habitual, dirigiu ao longo dos aviões enfileirados e parou junto a uma aeronave em que um soldado estava trabalhando. Saindo do carro sob o vento congelante, o general perguntou ao soldado como ele podia fazer a manutenção da aeronave usando grossas luvas árticas. “Não é lá muito fácil, General, mas está tão frio aqui fora que se eu tocar no metal de mãos nuas minha pele grudará nele, congelada.” O general, então, comunicou ao seu grupo de inspeção que voltasse a com ele se reunir em sua aeronave; em vez desta, eles iriam inspecionar outra base mais ao sul. O comandante da ala disse que ele não podia fazer isto. Sorrindo, o general disse-lhe: “Coronel, não é seguro trabalhar em uma aeronave aqui. Voltarei em outra época, quando as condições atmosféricas forem mais adequadas. Entrementes, se discordar de minha decisão, ligue para o General Davis, no Quartel-General do SAC e diga-lhe.” Com isto, o grupo de inspeção partiu.
Durante o período em que o general esteve no Pentágono, alguns membros das forças armadas da Alemanha Oriental, durante uma inspeção em uma localidade na área do Pacto de Varsóvia, mataram um major do Exército [dos EUA]. O general foi incumbido da tarefa de redigir uma diretriz estabelecendo procedimentos minuciosos para notificar as forças do Pacto de Varsóvia quanto a todas as necessidades futuras de inspeção. Esses procedimentos também se aplicavam às forças do bloco soviético quando eles levassem a efeito inspeções em instalações na área da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Essas diretrizes escritas pelo general foram aprovadas e assinadas, em uma cerimônia formal, pelo presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior e por seu homólogo soviético.
Um dos melhores momentos da carreira do general ocorreu quando ele se tornou comandante combatente do SAC—na verdade, seu último comandante. Ele também organizou a estruturação do US Strategic Command após o colapso da União Soviética e a desativação do SAC, do Military Airlift Command e do Tactical Air Command. Enquanto esteve na Base Aérea Offutt, Nebraska, ele trabalhou de maneira incansável para aprimorar as condições de vida do pessoal que residia na base e fora dela e para aperfeiçoar o Centro de Educação Física de Offutt. Em poucas palavras, ele foi um líder que cuidou de pessoas que cuidavam da missão. Relatei apenas algumas de suas realizações em uma carreira muito produtiva que durou mais de três décadas. Esta narrativa, porém, não se refere apenas a alguns dos êxitos do Gen George L. Butler, o candidato à Academia que se tornou general. Também enfatiza o efeito que uma pessoa pode ter em outra, bem como os benefícios decorrentes dessa influência.
O general seria o primeiro a dizer que, não fosse pela preocupação e consideração que lhe demonstraram dois militares no remoto ano de 1957, ele jamais teria tido a oportunidade ou a autoridade para ajudar todo o quadro de praças e graduados. Seus êxitos não beneficiaram apenas os militares da Força Aérea, mas, também, afetaram favoravelmente nossas Forças co-irmãs e aliados da OTAN. Talvez o jovem enfermeiro auxiliar e o sargento do rancho jamais tenham compreendido a importância da contribuição que fizeram à defesa de nossa nação. Eles jamais receberão uma medalha ou uma placa em reconhecimento ao que fizeram pela Força Aérea. Se o candidato a quem eles ajudaram salvou, mais tarde, uma vida no Vietnã, eles também participaram da salvação dessa vida. Se as diretrizes e procedimentos que o candidato acabou preparando para lidar com um adversário que detinha armas nucleares impediu mal-entendidos e, possivelmente, um incidente nuclear, então eles também ajudaram a tornar o mundo um lugar mais seguro. Se o futuro general disponibilizou alojamentos nas bases para praças e graduados no intuito de aliviar a carga econômica de quem cria família, então eles merecem um pouco da gratidão do pessoal beneficiado.
Todos sabemos que combinar hidrogênio com oxigênio produz água, mas nem todos sabem que, para isso, é preciso um catalisador para unir esses elementos. Nesta estória, muitas pessoas talvez tenham conhecimento do General Butler e de suas realizações, do resultado de suas ações e do modo pelo qual algumas pessoas foram por elas beneficiadas. Contudo, pouquíssimas sabem que nenhuma das realizações do general jamais poderia ter ocorrido sem os esforços de dois militares que, agindo como catalisadores, se deram ao trabalho de ajudar alguém. O general tentou, ao longo de toda sua carreira, encontrar esses dois homens que se importaram com ele, para agradecer-lhes, mas não conseguiu. Espero que agora os leitores deste periódico possam tributar-lhes a devida apreciação, bem como a um número incontável de outros que silenciosamente fazem diferença em nossas vidas. Será que você pode fazer diferença? Provavelmente mais do que você jamais poderá saber.
Colaborador
O Suboficial R1 John P. Hearn (Bacharelado, University of Maryland University College; Bacharelado, Magna Cum Laude, University of Maryland University College, Naval Air Station Keflavik, Islândia; Associates Degree em Instrução de Tecnologia e Ciência Militar, Community College of the Air Force, Maxwell AFB, Alabama) exerceu a função de superintendente do 96º Esquadrão das Forças de Segurança (Air Force Materiel Command), na Base Aérea Eglin, Flórida, antes de passar para a reserva em 1º de abril de 2007. Foi Chefe das Forças de Segurança, 332º Esquadrão das Forças de Segurança Expedicionárias, Base Aérea de Balad, Iraque. Exerceu, também, as seguintes funções: Chefe de Inspeção das Forças de Segurança do Comando, Gabinete do Inspetor-Geral, QG do Comando de Material, Base Aérea Wright-Patterson, Ohio; Instrutor e Chefe de Divisão, Escola de Graduados de Nível Hierárquico Superior, Escola de Pós-Formação de Graduados, Base Aérea Maxwell/Anexo Gunter, e Primeiro-Sargento, 7º Esquadrão de Polícia da Aeronáutica (Provisório), Força-Tarefa Combinada, Guantânamo, Baía de Guantânamo, Cuba. O Suboficial Hearn concluiu o curso da Escola de Graduados de Nível Hierárquico Superior, Base Aérea Maxwell/Anexo Gunter, Alabama.