segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Bolsa amarga quase 15% no dia mas se recupera no fechamento

Em um dia dramático no mercado financeiro brasileiro, em que chegou a cair 15% e ter o pregão interrompido por duas vezes, a Bovespa (Bolsa de Valores de SP) reduziu as perdas, após a entrevista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Por volta de 16h30, a baixa era de 7,40%, aos 41,220 pontos. O "circuit breaker" suspende os negócios em caso de oscilações bruscas, numa tentativa de acalmar o mercado, e foi acionado duas vezes nesta segunda-feira.

A BM&FBovespa informou depois da reabertura dos mercados que adotará, em caráter excepcional para o dia de hoje, um limite de queda de 20% no Ibovespa para acionar novamente o "circuit breaker". A regra tradicional é acionar o sistema quando o Ibovespa oscila mais de 10%, para cima ou para baixo.

Esses dois mecanismos já foram acionados hoje. A partir daí, cabe ao diretor de pregão estabelecer ou não um novo limite, conforme foi anunciado pela BM & FBovespa. Se os 20% de queda forem atingidos, a Bolsa ficará sem negócios até as 16h30. A partir de então, não haverá novas interrupções até as 17h, horário normal de fechamento do pregão.

Seguindo o pessimismo dos mercados externos, já na abertura desta segunda-feira a Bovespa operava com baixa: caía 6%. Por volta de 10h20, as perdas se aprofundaram e acumulavam 10,09%, totalizando 40.025 pontos. O "circuit breaker" foi acionado, suspendendo por meia hora as negociações.

O pregão foi retomado às 10h48, mas as perdas continuaram se aprofundando e somaram 15,06%, o que ocasionou nova suspensão dos negócios, aos 37.814 pontos - patamar alcançado em março de 1999 -, com giro financeiro de US$ 1,441 bilhão. A Bovespa deve voltar a operar às 12h44, mas, se houver nova ativação do "circuit breaker", o pregão fica suspenso até o final do dia.

Segundo a assessoria da Bovespa, essa foi a terceira vez na história da Bolsa paulista em que os negócios tiveram de ser interrompidos no pregão regular por uma hora em razão de queda acentuada do índice. A primeira vez foi em 28 de outubro de 1997 e a segunda, em 10 de setembro de 1998, quando o sistema também foi acionado duas vezes, assim como hoje.

Dólar

A falta de liquidez, por sua vez, pressionava o dólar. Por volta de  14h40, a alta era de 6,55%, cotado a R$ 2,180, mesmo com o leilão de swap cambial anunciado pelo Banco Central. 

O temor desencadeado pela grande operação de resgate do banco hipotecário alemão Hypo provocou o desabamento das bolsas de todo o mundo e acabou com a ilusão de que as grandes intervenções estatais podem conter rapidamente a crise financeira mundial.

"Todo mundo esperava que, depois da aprovação do pacote nos Estados Unidos e os resgates na Europa, as coisas se acalmariam, mas, na realidade, ainda há fortes temores quanto a um efeito dominó", explicou o analista da ING, Adrian van Tiggelen.

O resgate do banco alemão Hypo Real Estate por 50 bilhões de euros (US$ 68 bilhões), a compra do banco belga-holandês Fortis pelo francês BNP Paribas e a aprovação do histórico resgate financeiro americano não conseguiram aliviar o crescente sentimento de pânico.

A decisão do governo da Alemanha de garantir os depósitos bancários de particulares aumenta a pressão sobre outros governos europeus para que a mesma coisa, depois dos passos da Irlanda e da Grécia.

As bolsas européias fecharam em forte baixa nesta segunda-feira, depois das grandes perdas nos mercados asiáticos. As duas Bolsas de Moscou, Micex, cotada em rublos, e RTS, cotada em dólares, anunciaram a suspensão de seus pregões após quedas superiores a 14% e 15%, respectivamente.

Os preços do barril do petróleo, que até há três meses eram cotados a quase 150 dólares, baixaram até os US$ 85 em Londres e US$ 89 em Nova York, seu menor nível desde fevereiro, por temor a uma queda da demanda de petróleo por causa da crise.

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