segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Contra crise, empresas visam mercado local

A crise financeira que se alastrou pelo mundo a partir dos calotes do mercado imobiliário dos Estados Unidos ainda não abalou a confiança e o planejamento das lideranças empresariais brasileiras para o ano de 2008. Uma das provas disso é uma pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) entre os dias 15 e 22 deste mês entre 36 grandes empresas de nove setores: os planos para produção, investimentos e emprego não se alteraram por conta da crise das bolsas de valores.
"Nada afetou ainda o mundo real da economia não-financeira. Não devemos precipitar qualquer conclusão negativa", disse Paulo Skaf, presidente da Fiesp, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo deste domingo. Já o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) chama a atenção para outro ponto: "Quem investe olha para um horizonte mais amplo, e a aposta em 2008 é o mercado interno", disse.
Números – Além do levantamento empresarial, os analistas levam em consideração, por exemplo, dados do comércio. Na primeira quinzena de janeiro, as vendas de veículos no mercado interno subiram 35,5% em comparação com o mesmo período de 2007. O desempenho do setor automobilístico é um indicador do ritmo de atividade do país.
O comércio paulista também mantém no início do mês o mesmo desempenho de dezembro de 2007. As consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), indicador das vendas a prazo, subiram 6,9% na primeira quinzena sobre igual período do ano passado, e as ao Usecheque, termômetro das vendas à vista, 8,8%, no mesmo período.
Indicadores – Segundo os analistas, os bons fundamentos econômicos mantêm os empresários com o pé no acelerador. O país acumulou 185 bilhões de dólares em reservas, quase zerou a dívida pública com lastro em moeda americana, multiplicou o saldo comercial e avançou mais dependente do mercado interno do que das vendas para outros países.
O setor privado também avançou, reduzindo o endividamento e ampliando investimentos. Por isso, e também pela fartura econômica mundial, colheu os maiores lucros da história nos últimos anos: alta de 410% da Bovespa a partir de 2003.
Receios – Apesar do otimismo, há, é claro, apreensão pela desaceleração da maior economia do mundo, a americana. Os setores exportadores são os que mais temem a eventual recessão dos EUA. Na área petroquímica, a previsão de desaceleração econômica lá e na Ásia pode diminuir as exportações em cerca de 15%.
Outra preocupação é a influência da crise sobre o crédito. Ele, segundo analistas, tem sido o principal instrumento de crescimento do país e poderia ficar mais difícil e mais caro. Paulo Godoy, presidente da Abdib, associação que reúne a indústria de infra-estrutura do país, diz que os empresários estão "acompanhando com atenção" o que está acontecendo no mercado de ações. "Somos no momento observadores. Por enquanto, nada mudou nos planos de investimento", diz.
Da veja.com.br

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